A Seleção Brasileira está doente e não tem nada a ver com a epidemia que Dunga tirou da cartola para justificar a apatia brasileira na Copa América. Uma misteriosa virose que teria derrubado metade do elenco e levado 200 milhões de brasileiros aos sintomas clássicos dos derrotados: irritação, depressão e desalento.
A não ser que Dunga mostre um por um os atestados médicos - e não vale com a assinatura do doutor da CBF - mas para mim o diagnóstico é outro, mais amplo, revelando a fragilidade do enfermo quadro clínico do futebol brasileiro.
É bom lembrar que na Seleção ou no time de várzea, o que acontece dentro de campo é reflexo do que se passa fora dele. E a CBF pode ser exemplo de tudo, menos de um órgão que pulsa de forma saudável. Pelo contrário, o resultado da recente radiografia do FBI americano expôs a podridão que todos suspeitavam, deixando bem claro que não pode sair nada de bom de lá.
Muito se fala de Dunga, mas ele é o menos culpado. Não é a causa de nada, mas o sintoma, como um caroço que aparece na pele ou uma dor de barriga. Dunga estar onde está é um sinal de que o nosso velho futebol ainda não se recuperou do baque que levou na Copa do Mundo, que não tem forças para se aguentar de pé.
Há uma cura? Sim, claro, mas vai além de trocar o técnico e os jogadores. O futebol brasileiro precisa primeiro aceitar que está doente e que é necessário se tratar. Melhorar a estrutura de seu campeonato nacional, do horário dos jogos à transparência, passando pelas relações de trabalho com atletas e técnicos, fortalecendo a base para que haja renovação.
Com equilíbrio em sua base, o futebol pode começar a pensar em se levantar e dar um passo atrás do outro, higienizando e cicatrizando as chagas expostas da CBF e contratando um treinador que tenha,
no mínimo, ganho a vida como treinador antes de que veja cair no colo dele a responsabilidade de cuidar de uma instituição que mexe com a saúde mental e emocional de uma nação.
