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Estante FC: As crônicas futebolísticas de Nelson Rodrigues

Davi Saboya
Davi Saboya
Publicado em 24/07/2016 às 9:17
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Estante FC

Toda semana, um dos repórteres de Esportes do Blog do Torcedor, do Jornal do Commercio, da TV Jornal e da Rádio Jornal vai escrever sobre o último livro que leu ou ainda está lendo, envolvendo temas esportivos. Nesta semana, Davi Saboya escreve sobre as crônicas esportivas do brasileiro Nelson Rodrigues.

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A dica é sobre o livro Berro Impresso das Manchetes. Uma coletânea com várias crônicas esportivas escritas pelo jornalista e escritor brasileiro, Nelson Rodrigues. Um dos maiores nomes no cenário nacional e conhecido mundialmente. Os seus textos são de uma linguagem única e sensibilidade para escrever sobre o mundo da bola.

Torcedor do Fluminense "doente", a melhor crônica dele - na minha opinião - é a "Flamengo Sessentão". Nelson Rodrigues enaltece a grande do rival do seu time de maneira ímpar. Nem mesmo o mais fiel dos flamenguistas conseguiria juntar as palavras para mostrar a grandeza do seu time.

Abaixo, a minha crônica dele favorita. Perceba como o texto é conectado, bem escrito, poéticos, com características que você ao ler sabe quem escreveu. Além disso, uma verdadeiro aula de como escrever esse gênero textual que atualmente é pouco encontrado com tamanha qualidade.

"Passou-se. E o Flamengo joga, hoje, com a mesma alma de 1911. Admite, é claro, as convenções disciplinares que o futebol moderno exige. Mas o comportamento interior, a gana, a garra, o élan são perfeitamente inatuais. Essa fixação no tempo explica a tremenda força rubro-negra. Note-se: — não se trata de um fenômeno apenas do jogador. Mas do torcedor também. Aliás, time e torcida completam-se numa integração definitiva. O adepto de qualquer outro clube recebe um gol, uma derrota, com uma tristeza maior ou menor, que não afeta as raízes do ser. O torcedor rubro-negro, não. Se entra um gol adversário, ele se crispa, ele arqueja, ele vidra os olhos, ele agoniza, ele sangra como um césar apunhalado.

Também é de 1911, da mentalidade anterior à Primeira Grande Guerra, o amor às cores do clube. Para qualquer um, a cami¬sa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo, a camisa é tudo. Já tem acontecido várias vezes o seguinte: — quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Adversários, juizes, bandeirinhas tremem então, intimidados, acovardados, batidos. Há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa, aberta no arco. E, diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável.”

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