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Profissionais dentro e fora dos gramados, árbitros tentam conciliar a dupla função

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 11/02/2017 às 14:00
O árbitro Nielson Nogueira também é major da Polícia Militar e concilia as duas atividades profissionais. Foto: Acervo Pessoal
O árbitro Nielson Nogueira também é major da Polícia Militar e concilia as duas atividades profissionais. Foto: Acervo Pessoal

Por não ser atividade exclusiva, os árbitros também precisam conciliar o trabalho em campo com as profissões do dia-a-dia. As funções diferentes demandam tempo, ajustes e resultam em cobranças das famílias. No quadro da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), existem árbitros policiais, educadores físicos e até engenheiro de pesca. Para exercer bem ambas as atividades, os árbitros buscam manter o equilíbrio entre as funções.

Com a profissão mais semelhante à atividade em campo, a árbitra Déborah Cecília abriu mão de um trabalho para poder dedicar quatro dias da semana à arbitragem. Personal trainer durante outros dois dias, Déborah realiza também os próprios treinos. "Alterno entre academia e pista de corrida. Eu sei o limite, nível de treinamento, o que eu preciso dentro de campo, o que está faltando", disse.

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Exercendo também uma função que exige a disciplina e o cumprimento de regras, o árbitro Nielson Nogueira é major da Polícia Militar. Na corporação ele precisa cumprir uma carga horário de 40 horas semanais. Assim, o major organiza os horários de modo que a atividade em campo não o prejudique fora. Aos 42 anos, ele integra a corporação há 25 e há 16 desempenha a dupla função.

No caso de Nielson, por ser da PM, ele também chegou a trabalhar em jogos de futebol fora de campo, organizando outro lado da partida: a segurança. "Comandei o policiamento já sendo árbitro, mas exercendo a função de policial e um colega meu apitando o jogo. Foi normal. É saber separar as funções e exercer naquele papel que eu fui escalado", relembrou.

Como Déborah, que aproveita o lado profissional para as quatro linhas, o policial acredita que também pode levar conhecimentos de uma área para a outra. "O cumprimento de regras, ser disciplinado e disciplinador, saber impor as regras no momento correto", elencou. Se a atividade durante os 90 minutos exige uniforme, a profissão exercida durante a semana também. "Eu noto, dentro de campo, que alguns jogadores já me conhecem também como militar", cita o major.

Mas, para quem pensa que saber da existência da farda fora do gramado impõe mais respeito, Nielson destaca outro detalhe. "Na hora do estresse, em ambos os lados, vai valer mais o meu treinamento pessoal, porque tenho exemplos de policiais militares que não seguiram a carreira de árbitro. Se isso fosse uma regra, todo policial seria árbitro, mas não é tão fácil assim. Também existem árbitros que não são militares e impõe o mesmo respeito", explicou.

Já o árbitro Gilberto Castro Júnior, há 17 anos apitando partidas, trabalha em um setor completamente diferente. Ele é engenheiro de pesca em uma empresa privada. Para evitar qualquer transtorno, o árbitro evidenciou a atividade dentro das quatro linhas quando foi contratado. "Por mais que você dê resultado, a empresa cobra sua presença em várias situações, como reuniões. Há maleabilidade no meu trabalho, contudo a cobrança sempre vai existir, mas vou administrando", elucidou.

A presença cobrada parte também da família. Ao exercer a dupla função, os árbitros acabam ocupando o tempo que seria dedicado em casa. Um dos mais cobrados é Nielson Nogueira. Como iniciou a carreira de arbitragem depois de estar casado e ter dois dos três filhos, ele acredita que essa ausência causada pela arbitragem faz com que nenhum dos filhos queira exercer a carreira nos gramados.

“A arbitragem é regida por quatro pilares: o pilar técnico, que é o conhecimento das regras; o físico, que é o treinamento; o mental, que é concentração; e o pilar social, que envolve o lado familiar, religioso. Procuro treinar esse lado social justamente com minha família”, listou Nielson.

Por outro lado, Gilberto já apitava partidas quando conheceu a esposa. “Já está intrínseco na minha célula familiar. Há cobrança normal, porque de fato a gente não tem feriado, dia santo, data de aniversário. Está escalado e tem que ir”, disse o engenheiro de pesca.

A agenda também exige espaço para rever os jogos para ver o que pode ser melhorado. E o tempo de Déborah é cada vez mais curto. Agora como árbitra FIFA, ela intensificou não só os treinos, mas também as aulas de inglês. "Quando tem evento de família, está todo mundo, eu vou, mas não tenho como estar sempre. Minha mãe mora bem distante de mim, mas minha irmã mora mais perto, então é mais fácil", ponderou.

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