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Náutico: na reta final de mandato, Edno Melo faz balanço de gestão

Fernando Castro
Fernando Castro
Publicado em 06/10/2019 às 19:04
Edno Melo valorizou a permanência do Timbu na Série B. Foto: Bobby Fabisaki/JC Imagem
Edno Melo valorizou a permanência do Timbu na Série B. Foto: Bobby Fabisaki/JC Imagem

O segundo ano da gestão do presidente Edno Melo está chegando ao fim. Mesmo pegando um clube recém-rebaixado à Série C e mergulhado em uma grave crise financeira, o dirigente vem conseguindo aos poucos reestruturar o clube e resgatar o orgulho do torcedor. O trabalho sério, com uma política de austeridade financeira, foi fundamental para a conquista do Pernambucano depois de 13 anos, e o acesso para a Série B este ano com direito ao título da Série C. Em entrevista aos repórteres Fernando Castro e João Victor Amorim, o presidente do Náutico fez um balanço da sua gestão.

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BALANÇO DO ANO

A gente seguiu o planejamento. O Náutico não estagnou em 2018, quando foi eliminado para o Bragantino, muito pelo contrário, a gente colocou em prática o planejamento que tínhamos traçado caso não obtivéssemos o acesso. Foi colocada em prática a maneira que a gente acredita que dá certo em qualquer clube. Com austeridade, pagamento em dia. Então para isso, o Náutico teria que emprestar e vender alguns jogadores, disponibilizar algumas receitas para que a gente chegasse até o fim de 2019 pagando em dia. Traçamos um planejamento com um orçamento mínimo para o futebol, que buscasse título, acesso, mas que também não saísse do que o Náutico pudesse pagar. O sucesso do Náutico em 2019 foi justamente seguir a risca esse planejamento que foi traçado em 2018. A gente está no fim de 2019 com tudo em dia, premiações, salários de funcionários, administrativos, CT, base, futebol profissional, mas não foi por acaso, foi tudo planejado.

PASSIVO

O passivo de qualquer clube de futebol hoje é muito grande, no Náutico não é diferente. Não adianta eu tratar o passivo e gerar novos. Primeiro adotamos a política de não gerar passivos quando demitimos jogadores, funcionários, tratamos esse passivo, fizemos parcelamento e pagamos. Nos passivos da justiça, a gente vem fazendo várias negociações, que não é fácil, porque você tira da gestão algo que poderia ser investido nela. Vendo de outra maneira, o Náutico só cresce, a cada dia que se diminui o passivo do clube, mostramos que o Náutico mudou, que é um clube pagador, de responsabilidade, então mostramos para o mercado que podem acreditar no Náutico.

DÉBITOS QUITADOS

Não tenho esse número exato, porque foram vários acordos trabalhistas que conseguimos negociar e estamos pagando. Eu posso dizer que os incêndios que existiam todos os dias no Náutico, hoje não está tendo tanto por conta desses acordos, do mercado, dos advogados e dos próprios credores entenderem que o Náutico hoje é um clube que honra com os compromissos, dentro do limite dele. Todas as tratativas, seja de jogador, funcionários ou comissão técnica, todas são dentro da realidade que o Náutico pode pagar. Existem situações que fogem do momento do clube, como por exemplo o acordo com Olivera, de quase R$ 1 milhão. E para não comprometer a receita do clube, a gente atrelou o pagamento a possíveis vendas de jogadores, o possível acesso. Não assumimos uma parcela para ser paga, mas sim assumimos o compromisso que se existir a receita a gente pagará.

DIÓGENES BRAGA

Diógenes é uma pessoa fundamental para essa gestão. Diógenes nos deu um título do Campeonato Pernambucano, foi a pessoa responsável diretamente pelo acesso à Série B. As críticas direcionadas a Diógenes na oscilação de um time é muito injusta. Fazer futebol com dinheiro já é difícil, mas fazer futebol sem nenhum centavo e devendo, como a gente fez, é quase impossível. E Diógenes mostrou a competência de um dirigente nesse momento, mostrou como se faz futebol. Então essa relação que existe entre eu e Diógenes, de não estourar a folha, acreditar no profissional, no amadurecimento da equipe que vai existir, foi muito importante nesse momento. Se nós não estivéssemos unidos, se não fizéssemos um time de verdade, eu acho que a gente padeceria, porque ele iria fazer as mesmas práticas do passado. Demitir dez, vinte jogadores e contratar dez, vinte jogadores.

AFLITOS

A gente não está mais gerando passivo para o clube. Quando a gente foi atrás do investidor, a gente buscou contemplar esse investidor com alguns produtos do clube. Então o Náutico não deve ao investidor, o Náutico deve alguns produtos que o investidor vai vender. Por exemplo, cadeira cativa, anuidade de cadeira, mensalidade de sócio, então não existiu empréstimo, a gente fez uma troca por produtos, que era o que o clube podia oferecer, para que no futuro, o próximo presidente que chegar não tenha esse débito. Hoje o Náutico não paga nada pela reforma dos Aflitos, o investidor tem produtos que vende ao torcedor. A manutenção de qualquer estádio de futebol é muito alta, não é simples, mas como a gente voltou a jogar nos Aflitos se tornou um pouco mais fácil. Foi contratada uma equipe de patrimônio que cuida do dia a dia, banheiro, iluminação, irrigação, drenagem. Esse custo é absorvido pelas rendas dos jogos. Na campanha de 2015, um dos pontos principais nosso era a volta aos Aflitos e muitos me tacharam como louco, diziam que era temerário eu falar isso. E eu bati o pé e dizia que o futuro do Náutico ainda é nos Aflitos, a identidade do clube, da torcida é nos Aflitos. Eu particularmente não abro mão dos Aflitos, esse resgate do sentimento de ser Náutico mesmo voltou com os Aflitos.

ARENA DE PERNAMBUCO

Existe um processo contra a arena participações, que é um braço da Odebrecht, e o Náutico ingressou com um processo contra eles por quebra de contrato unilateral. O Náutico indicou um árbitro de Pernambuco e a Arena indicou um árbitro de São Paulo, então a gente entrou na justiça comum para que ela determinasse quem seria o árbitro. E a gente ganhou a primeira batalha, vai ser indicado um árbitro de Pernambuco para fazer o julgamento. A gente queria que fosse um árbitro daqui por conhecer toda a história, tudo que aconteceu com o Náutico, a depreciação de patrimônio, diminuição de torcida, o que o Náutico sofreu em ir para a Arena e as contrapartidas que a arena deixou de ter com o Náutico. Não queríamos que fosse um árbitro de fora justamente por isso, por estar longe, não iria entender tanto o que foi esse processo de perda que o Náutico sofreu. Estamos aguardando agora que seja marcada a audiência para o julgamento.

SUA IMPORTÂNCIA

Qualquer pessoa que tenha a disponibilidade de sentar na cadeira de presidente eu acredito que é muito importante. O presidente de um clube sabe das cobranças que vai ter. Não sou mais nem menos importante, acho que tive minha importância, estou fazendo o meu papel de presidente, sou apaixonado pelo Náutico, sou um torcedor de arquibancada, conheço o Náutico há pelos menos 30 anos. Não me vejo como sendo o presidente mais importante da história do Náutico, mas eu vejo que tive uma importância grande. Todos os presidentes que passaram pelo Náutico são importantes, uns mais, outros menos. Da nossa gestão, o que posso falar, pela paixão, emoção, sentimento de arquibancada que eu tenho, é que eu posso estar mais próximo da torcida, do sentimento que ela queria, mas a importância minha para qualquer outro presidente é exatamente igual .

FUTURO DO NÁUTICO

Se o Náutico continuar com esse mesmo pensamento, seguir essa cultura, esse processo de austeridade, com os pés nos chão, alcança um outro patamar. A gente tem que assimilar isso, fazer um grupo que entenda isso, que mostre a torcida o tamanho que ela quer que o Náutico esteja. O Náutico estava com 1.800 sócios, hoje o clube tem 15 mil sócios adimplentes, então a torcida está mostrando que quer um Náutico maior. Na Série B, para conquistar o acesso à Série A só vai depender deles. Se existir um planejamento, pagamento em dia, respeito as pessoas, eu acredito que o Náutico vai chegar em um patamar muito maior, mas para isso precisa seguir essa política de pés no chão, nada de vender a alma, rifar o ano para ter um acesso de todo jeito. A gente mostrou que mesmo sem o acesso em 2018, tivemos muitos pontos positivos. Quando a gente perde não está tudo errado e nem quando ganha está tudo certo. Que em 2020, seja quem estiver no comando, também não despreze o que foi feito em 2019.

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