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Iranianas vão a jogo masculino em estádio após 40 anos

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 10/10/2019 às 17:43
Foto: ATTA KENARE / AFP
Foto: ATTA KENARE / AFP

Da AFP - Milhares de mulheres iranianas, exibindo bandeiras e tirando selfies, puderam comprar ingressos para assistir livremente nesta quinta-feira (10) a uma partida de futebol pela primeira vez em décadas, depois de a Fifa ameaçar suspender o país devido às restrições nos estádios.

Torcedoras entusiasmadas colocaram a bandeira nacional das cores, verde, branca e vermelha sobre os ombros ou em volta da cabeça enquanto ocupavam um pequeno setor exclusivo do estádio Azadi de Teerã, com capacidade para 100 mil espectadores.

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Algumas usaram chapéus festivos por cima dos véus e pintaram os rostos com as cores da bandeira, torcendo pela seleção do país no duelo contra Camboja, pelas eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2022.

Os sorrisos nos rostos evidenciam um dia de glória paras mulheres iranianas, antes mesmo do início da partida. E um grande grito de alegria ecoava na setor ocupado por elas a cada gol marcado pela seleção, que venceu a partida por impressionantes 14x0.

Ao fim do jogo, as torcedoras aplaudiram de pé os jogadores da "Tim-é melli" ("equipe nacional" em persa), que retribuíram com uma saudação.

Logo após a Revolução Islâmica de 1979, o Irã proibiu a presença de mulheres em estádios de futebol ou de outros esportes. Durante 40 anos, os líderes religiosos do país argumentaram que as mulheres precisavam ser protegidas da atmosfera masculina nessas arenas esportivas.

Em setembro passado, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ordenou que o Irã permitisse o acesso das mulheres aos estádios sem restrições e em quantidades determinadas pela demanda dos locais das partidas.

'Mulheres da liberdade'

A decisão foi motivada pela trágica morte de Sahar Khodayari, que ateou fogo nela mesma diante de um tribunal após ser julgada por assistir a uma partida entre dois clubes do Irã. Conhecida como "a garota de azul" devido às cores de sua equipe, o Esteghlal FC, Khodayari havia sido presa no ano passado ao tentar assistir a uma partida vestida de homem.

Sua morte causou grande comoção e muitas vozes pediram a suspensão do Irã na Fifa e o boicote a seus jogos. Através de um comunicado, a Fifa classificou o evento desta quinta de um "passo à frente muito positivo".

"A Fifa olha agora mais do que nunca para um futuro onde TODAS as garotas e mulheres que desejam assistir a partidas de futebol no Irã serão livres para fazer isso", apontou a federação internacional de futebol. Sua morte causou grande comoção e muitas vozes pediram a suspensão do Irã na Fifa.

Antes do jogo, a agência oficial Irna divulgou que os 3.500 ingressos para mulheres, o máximo permitido, haviam sido vendidos. Muitas, porém, ficaram decepcionadas por não terem conseguido um ingresso.

"Tenho 18 anos e durante 14 anos sonhei em poder ir a um estádio", declarou à AFP a estudante Guelareh. "Mas infelizmente não consegui comprar um ingresso". Apesar do limite de entradas, cerca mil torcedoras que estavam sem ingressos foram autorizadas a entrar no estádio.

Embora não seja a primeira vez que mulheres assistem a uma partida de futebol no Irã, o fato de poderem comprar ingressos é inédito. Em oportunidades anteriores, as mulheres que assistiram aos jogos foram cuidadosamente selecionadas pelas autoridades.

O jornal pró-reformista Sazandegui comemorou a decisão publicando uma foto com duas torcedoras juntas e o título: "As mulheres da liberdade".

Para alguns homens, o encontro nas arquibancadas mereceu ser comemorado. "É um grande sentimento estarmos aqui juntos, finalmente. Só desejamos que isso continue no futuro", declarou um torcedor.

Uma delegação da Fifa assistiu ao jogo para garantir que o Irã cumprisse a promessa de permitir a entrada de mulheres no estádio.

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