AFP - Michel Platini, ex-presidente da Uefa, compareceu nessa segunda-feira perante a justiça suíça no âmbito do processo aberto em 2015 devido a um pagamento suspeito de 2 milhões de francos suíços (2,21 milhões de dólares) do ex-presidente da Fifa, Sepp Blatter.
O vencedor de três Bolas de Ouro, vestindo terno e camisa azul sem gravata, chegou de táxi por volta das 8h45 (horário local, 5h45 de Brasília) à sede do Ministério Público da Confederação (MPC) em Berna. Acompanhado de seu advogado Dominic Nellen, o ex-craque entrou no prédio cumprimentando os jornalistas presentes.
Platini foi interrogado pelo procurador Thomas Hildbrand, que no início de junho estendeu ao ex-capitão da seleção francesa a investigação que até agora só afetava Blatter, autor de um polêmico pagamento em 2011 de 2,21 milhões de dólares, sem contrato escrito, a Platini, por um trabalho de consultoria concluído em 2002.
A audiência de Platini foi realizada a portas fechadas. No momento do fechamento do escritório, o francês não havia sido visto saindo do prédio.
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O Ministério Público Federal decidiu estender a investigação a Platini por suspeitas de "cumplicidade em gestão desleal, peculato e falsificação de títulos". Ex-presidente da Uefa, o francês de 65 anos tem agora o status de "réu". Blatter será interrogado na terça-feira.
Dois outros altos funcionários da Fifa também estão sendo investigados: o francês Jérôme Valcke, ex-secretário-geral, e o alemão Markus Kattner, ex-diretor financeiro, "sob suspeita de gestão desleal", disse o MPC.
A este respeito, Kattner será interrogado no dia 4 de setembro.
Em junho, Platini disse que o MCP tinha "confirmado por escrito em maio de 2018 ao (seu) advogado que este processo, que data de 2015, estava encerrado no que diz respeito (a ele)."
"Não tenho motivos para pensar que o promotor Hildbrand tenha uma visão diferente das coisas", acrescentou. "Depois de cinco anos, é muito possível que a Fifa continue a me perseguir por meio de reclamações com o único objetivo de poder me manter longe do futebol e manchar minha reputação", disse Platini.
TRANQUILO
A justiça suíça abriu um processo criminal em setembro de 2015 contra Blatter por este pagamento suspeito.
"Repito, foi um atraso no pagamento do trabalho feito por Michel Platini. O valor foi validado pela comissão de finanças. Isso não pode ser classificado como criminoso", disse Blatter recentemente à AFP, declarando-se "tranquilo" antes dessa nova audiência.
Esse pagamento suspeito rendeu a Blatter, de 84 anos, e Platini uma suspensão de vários anos de todas as atividades relacionadas ao futebol, o que impediu o ex-presidente da Uefa de concorrer à presidência da Fifa.
A suspensão de Michel Platini foi confirmada pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), que a reduziu para quatro anos, e posteriormente pelo Tribunal Federal Suíço e, finalmente, pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
A justiça suíça já abriu outra investigação por "gestão desleal" contra Blatter, também iniciada em 2015 e que tratava da atribuição de um contrato de direitos de televisão à União Caribenha de Futebol (CFU). Mas um recurso contra esta ordem de arquivamento foi apresentado.
Nesse sentido, Blatter foi interrogado no final de julho e início de agosto por Hildbrand sobre um voo em um jato particular realizado, em 2007 por Jack Warner, por um valor superior aos 350 mil dólares pagos pela Fifa e por um empréstimo de um milhão de dólares sem juros ou garantias acordadas com a Federação de Trinidad e Tobago, presidida por Warner.