Após vários patrocinadores anunciarem que encerrariam a parceria com o clube, o Santos decidiu suspender o contrato com o atacante Robinho, nesta sexta-feira (16). A equipe santista sofre duras críticas pela negociação com o jogador, condenado por estupro em primeira instância pela justiça italiana.
"O Santos Futebol Clube e o atleta Robinho informam que, em comum acordo, resolveram suspender a validade do contrato firmado no último dia 10 de outubro para que o jogador possa se concentrar exclusivamente na sua defesa no processo que corre na Itália", diz a nota oficial do clube. O contrato de cinco meses prevê um salário de R$ 1.500, pela dificuldade financeira santista. O jogador também se pronunciou. Veja no vídeo produzido pelo canal de streaming Danz.
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A Orthopride rescindiu o contrato com o Alvinegro. A Brahma encerrou o contrato com o clube no dia 1º de outubro e não renovou. A cervejaria afirmou ainda que não discutiria "sobre a renovação enquanto o jogador tiver contrato com o clube". Kicaldo, Kodilar, Tekbond, Foxlux, Philco, Casa de Apostas e Oceano B2B haviam ameaçado não continuar a parceria caso Robinho permanecesse.
Mais cedo nesta sexta, o site Globoesporte.com publicou reportagem com transcrições de grampos telefônicos que levaram à decisão judicial em primeira instância. O caso aconteceu em janeiro de 2013, em uma boate em Milão. Robinho, Ricardo Falco, amigo do jogador, e mais quatro homens teriam abusado sexualmente de uma mulher de origem albanesa, que comemorava o aniversário de 23 anos no local.
Pelo código penal italiano, a condenação teve base no artigo "609 bis", que dispõe sobre a participação de duas ou mais pessoas para ato de violência sexual. Robinho nega o crime desde o interrogatório em 2014. Ele afirmava que a relação sexual foi consensual.
As escutas telefônicas, porém, contradizem o atacante brasileiro. A defesa do jogador diz que houve distorção e corta na transcrição dos áudios, além de divergências na tradução. Robinho ainda se disse perseguido pela Rede Globo, se comparando ao presidente Jair Bolsonaro.
No Brasil, sexo com uma pessoa incapaz de consentir por qualquer motivo, incluindo embriaguez, é considerado estupro de vulnerável, com pena de 8 a 15 anos de prisão.
*ALERTA DE GATILHO*
Atenção! Os trechos transcritos abaixo contém descrição de violência sexual
Confira alguns trechos das conversas gravadas:
Falco: Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela.
Robinho: O (nome do amigo 1, que está em sigilo) tenho certeza que gozou dentro dela.
Falco: Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si.
Robinho: Sim.
Para a justiça da Itália, esses diálogos são ‘auto-incriminatórios’. Em um dos trechos, Robinho é avisado sobre as investigações pelo músico Jairo Chagas, que tocou naquela noite. Confira como foi esse diálogo, de acordo com o processo.
Em 2014, o músico Jair Chagas, conhecido pelos brasileiros que moram em Milão, voltou a tocar no assunto com o jogador. Veja como foi parte do diálogo.
Robinho: A polícia não pode dizer nada, eu direi que estava com você e depois fui para casa.
Jairo: Mas você transou com a mulher?
Robinho: Não, eu tentei. (nome do amigo 1), (nome do amigo 2), (nome do amigo 3)….
Jairo: Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela.
Robinho: Isso não significa transar.
Em outro diálogo com um amigo, Robinho afirma que seus companheiros ‘pegaram ela com força’ naquela noite.