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Do antirracismo aos uigures, Demba Ba, um jogador de futebol engajado no combate ao preconceito racial

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 09/12/2020 às 16:46
Foto: Reprodução/Twitter Demba Ba
Foto: Reprodução/Twitter Demba Ba

AFP

"Se nos levantarmos, as pessoas se levantarão conosco." Uma figura central nos incidentes no Parc des Princes na terça-feira, Demba Ba não estava demonstrando publicamente seu compromisso na luta contra o preconceito pela primeira vez, e nem quando deu seu apoio aos uigures em uma entrevista à BBC no meio deste ano. O atacante senegalês, de 35 anos, apareceu como um dos protagonistas deste episódio que se tornou um símbolo, quando convocou os companheiros do Basaksehir a abandonar o gramado, logo seguidos pelos parisienses, em repúdio contra as palavras do quarto árbitro, que usou o termo "negru" ("negro" em romeno) para se referir ao auxiliar técnico do clube turco, o camaronês Pierre Achille Webó.

A forma como interpelou o quarto árbitro, que foi exibida ao vivo, foi marcante: "Por que na hora de falar de um cara branco você diz 'esse cara', e na hora de falar de um cara negro você diz 'esse cara negro'?". Em seguida, ele se dirigiu ao árbitro principal: "Você é um racista!". Essa não é a primeira vez que Demba mostra seu engajamento em questões sociais, sua luta contra o racismo vem de longe.

Em 2018, quando atuava pelo Shanghai Shenhua, o atacante acusou publicamente um adversário chinês de racismo, antes de retuitar mensagens de apoio à luta contra o racismo e  xenofobia.

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De Glucksmann a Erdogan

Recentemente, no final de novembro, o atacante nascido em Sèvres, oeste de Paris, reagiu ao espancamento na capital francesa de um produtor negro por policiais, três dos quais foram acusados de violência dolosa de natureza racista. “Para quem vive a situação do país de fora, não vejo saída para esses problemas. Peço desculpas pelo meu pessimismo ... Apesar de tudo, temos que continuar lutando para mudar as coisas”, tuitou, mostrando seu apoio mais uma vez ao movimento Black Lives Matter.

Nos últimos meses, ele também expressou seu apoio à minoria uigure na China ou aos rohingya na Birmânia, outro grupo étnico de confissão muçulmana que está sujeito a perseguição. Em seu perfil do Twitter, ele retuitou Raphaël Glucksmann quando o eurodeputado francês de esquerda apoiou os uigures e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan quando ele comemorou o campeonato nacional conquistado pelo Basaksehir.

"Temos um poder"

Para promover as causas que lhe são importantes, Ba busca o apoio de seus colegas, que geralmente não estão dispostos a fazer concessões.  "Eu sei que há jogadores de futebol que querem lutar por justiça, sejam eles muçulmanos, budistas, cristãos ou quaisquer que sejam suas crenças", declarou à BBC. "Como atletas, temos um poder que não conhecemos. Se nos unirmos e conversarmos, as coisas mudam", acrescentou.

O PSG, do qual Ba é um torcedor apaixonado, ocupa um lugar particular em sua carreira, iniciada em Rouen, em 2005. Em 2014, quando o senegalês jogou pelo Chelsea, foi ele quem marcou o segundo gol em Londres contra os franceses nas quartas de final da Liga dos Campeões, que levou o time inglês à etapa seguinte. Os torcedores do Chelsea também se lembram do gol contra o Liverpool naquele mesmo ano, que tirou dos "Reds" o título do Campeonato Inglês.

Ba só não tem boas recordações do Arsenal. Os 'Gunners' "falaram de Black Lives Matter, mas quando se trata da vida dos uigures, o Arsenal não quis falar, devido à pressão e às consequências econômicas", afirmou à BBC.  "Os clubes pressionam muito os jogadores para que não se posicionem, mas como evitar isso quando se vê a injustiça com os seus próprios olhos?"

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