Edno Melo faz balanço da temporada do Náutico, fala sobre erros na montagem do elenco e projeta evolução em 2021

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Klisman Gama

Publicado em 31/01/2021 às 7:02
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O Náutico encerra a temporada 2020, que se alongou até o começo deste ano, com um saldo que ficou abaixo das expectativas no que tange ao futebol. Além das eliminações precoces no Campeonato Pernambucano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil, o Timbu acabou brigando contra o rebaixamento na Série B e se salvou na 37ª rodada da competição. Bem menos do que o torcedor esperava, coisa que a direção reconhece. Em entrevista concedida ao Jornal do Commercio e Rádio Jornal, o presidente Edno Melo fez o seu balanço sobre a última temporada. Admitiu erros em alguns pontos, valorizou acertos e a condução administrativa que o clube teve, principalmente no cenário da pandemia, já que o Náutico foi uma das poucas equipes no país que conseguiu cumprir com o pagamento ao seu elenco sem atrasos. Além disso, o mandatário avaliou o orçamento para 2021, com menos competições a disputar, manutenção do técnico Hélio dos Anjos e a busca para renovar com peças importantes, entre outros assuntos da parte administrativa do Timbu.

Avaliação da temporada

De fato, o ano do Náutico, no futebol, foi um ano que a gente não comemorou. Tivemos o alívio de ter ficado na Série B, porque poderia ter sido muito pior a situação se tivéssemos caído. Mas se olharmos para outras áreas do clube, podemos ver que o Náutico continua numa crescente, em evolução. A gente sabe a cobrança do torcedor que é pelo futebol, o carro-chefe do clube. Mas o Náutico não é feito só de futebol, também temos que elevar o nível das outras atividades do clube. Agora, os erros que foram cometidos nós vamos consertar, e os acertos, que existiram vários, a gente vai repetir.

Erro nas renovações pós-título da Série C?

Acredito que a gente, no início do planejamento, ficou muito limitado ao orçamento, com medo de estourá-lo. E para nós, naquele momento, manter aqueles jogadores seria uma situação confortável para o clube. Acho que isso foi um erro, sim. Admito que a gente errou. Mas existiram acertos, algumas pessoas do elenco que ficaram e deram certo também.

Como foi atravessar o período de paralisação do futebol?

Na paralisação, tentamos diminuir o quanto pudemos a estrutura do clube para diminuir o custo. Também fizemos um acordo com os atletas, diminuímos um percentual do salário deles. Eles entenderam, a comissão técnica também, e fomos atrás de recursos através de patrocínio, fornecedores, para que conseguíssemos manter o faturamento. Fizemos o apelo aos sócios, que naquele momento atenderam ao nosso pedido e, graças a Deus, no meio de uma pandemia, conseguimos honrar com os compromissos. Isso repercutiu muito dentro do elenco, tanto que, nessa reta final, muitos disseram: “temos que fazer por esse clube um pouco mais, porque o que fizeram por nós durante a pandemia, foi algo que ninguém conseguiu”.

Orçamento para 2021

O orçamento vai ser feito de acordo com as receitas que o Náutico tiver. Se a gente não tiver uma receita de Copa do Nordeste, de Copa do Brasil - acredito ainda que o Náutico vai participar -, vamos fazer um orçamento dentro do que a gente tem. É assim que vem dando certo nos últimos três anos e é isso o que a gente vai fazer. É claro que faz falta nesse momento, mas seria muito pior se tivéssemos feito um orçamento contando já com esse dinheiro e ele não viesse. Mas a gente não estava contando e vamos fazer um orçamento dentro da limitação das finanças do clube

O clube errou em declarar que brigaria pelo acesso na Série B?

Eu vejo que, quando foi reformulado esse elenco, a gente tinha a pretensão de subir. Quando você traz jogadores no nível de Kieza, Ronaldo Alves, na manutenção do Jean Carlos, mostramos que queríamos, realmente, o acesso. Na substituição do técnico, procuramos um técnico com perfil de campeão, que conhecesse a competição, que foi o Gilson Kleina. Ele foi campeão pelo Palmeiras, teve acesso com a Ponte Preta. Então a busca, o tempo inteiro, foi pelo acesso, não pela manutenção. Mas, infelizmente, as circunstâncias fizeram com que a gente brigasse só pela permanência.

Tratamento com relação a indisciplinas durante a pandemia

Mudou, sim. A gente entende que é um ato de indisciplina, não só por ela em si, mas também uma irresponsabilidade por se tratar de um vírus, uma pandemia, que você pode colocar em risco seus companheiros de trabalho, a comissão técnica, os dirigentes. Então, nos contratos que estamos fazendo agora, têm uma cláusula prevendo uma multa caso aconteça qualquer ato de indisciplina.

Críticas ao vice-presidente Diógenes Braga

Eu lamento, a memória do torcedor é muito curta. É muita injustiça que se faz com Diógenes. Porque é um dirigente que pegou o clube da maneira que a gente pegou, conseguiu ser campeão no primeiro ano, no Campeonato Pernambucano de 2018. Já mostrou que ele sabe e entende. Foi campeão no ano seguinte, com acesso dificílimo, com orçamento curtíssimo, e nada disso é levado em consideração. Diógenes, no meu ponto de vista, está sendo muito injustiçado. E você fazer um time competitivo com o tamanho do orçamento do Náutico é muito difícil. A probabilidade do erro, com a contratação se limitando ao lado financeiro, é muito maior. É muito mais fácil acertar contratando um jogador de R$ 80 mil a R$ 100 mil, do que de R$ 10 mil a R$ 15 mil. A gestão administrativa se dá muito êxito por conta dele, porque não estoura orçamento, porque está com cuidado o tempo todo para que o futebol renda, mas dentro do limite financeiro do clube. Então é muito injusto quando existe essa dicotomia entre administrativo e futebol, porque, na verdade, não existe. Existe uma união, uma continuidade, porque seria muito mais simples para Diógenes estourar o orçamento e fazer um time que o Náutico não pudesse pagar, como em outras épocas já foi feito.

Renovação com Hélio dos Anjos

O Hélio é uma pessoa muito profissional, dedicada. Ele passou esses 70 dias aqui no clube dentro do CT, observando tudo, vendo os processos, as deficiências do clube, vendo o que também tem de acerto. Então ele fez um relatório e passou para a diretoria para que a gente tomasse algumas providências de imediato. Mostrou alguns pontos positivos que existem no centro de treinamento, nos processos dentro do departamento de futebol. Acertamos as bases salariais e não tivemos nenhuma dificuldade. Ele queria ficar, a gente também queria que ele ficasse, então encaminhou da melhor maneira possível. Ele pediu algumas coisas pontuais, como melhorias na academia, na fisioterapia. Nada que, neste momento, atrapalhe o desenvolvimento. E sim que ele quer um projeto maior para o clube.

Possível venda de atletas da base

Os ativos do clube são onde a gente pode auferir receitas, e a base é uma delas. O Rhaldney é um ativo fantástico, teve uma evolução gigante neste ano. O Hereda também, o próprio Jefferson. Não existe nenhuma proposta concreta ainda, existem sondagens, mas que a gente vai tratar da maneira mais correta possível, como está sendo feito, sempre deixando um percentual para o clube, vendo uma carreira promissora para o atleta, porque não vamos jogá-lo em qualquer mercado. Então, nessas negociações da base, estamos tendo o maior cuidado para serem feitas de forma que seja boa tanto para o clube, quanto para o profissional.

Renovação com Erick e Anderson

O Erick tem contrato até 30 de junho, então temos um tempo maior. O Anderson acaba o contrato agora, já mostramos interesse, queremos ficar com o atleta. Não depende da gente, depende do atleta e do Athletico Paranaense, que é o dono do passe dele. Então vamos tentar negociar, sabemos que é uma negociação difícil, porque envolve um valor alto para o clube, mas vamos tentar e é uma das prioridades da gente renovar com o Anderson.

Primeiro passo para a nova temporada

O primeiro passo agora é tratar com o Hélio para termos um time aguerrido e que possamos, em 2021, apagar a imagem que ficou em 2020.

Nova campanha de sócios

Nesta segunda-feira, 1 de fevereiro, vai ser lançada essa campanha e ela vai perdurar até o dia 7 de abril, que é o aniversário do clube. Daí não vai mais ter acesso a essa campanha, que está bem interessante, inclusive para os inadimplentes.

Investimento na base

Vamos criar uma vice-presidência de base, onde vai ter uma cadeia de diretores, cada um responsável por um departamento. A gente já tem hoje o gerente de futebol de base, que é o Carlos José, e no futebol profissional estamos trabalhando junto com Hélio, Diógenes, Fernando (Leite, executivo de futebol), para dar uma tranquilidade maior para que seja um ano diferente do que foi 2020.

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