Eleições, futebol, saída de Mugni, finanças e base: Luciano Bivar faz um raio-x sobre o momento do Sport
O deputado federal pelo PSL e ex-presidente do Sport, Luciano Bivar, concedeu entrevista na manhã desta quarta-feira ao comentarista Ralph de Carvalho, da Rádio Jornal. No papo, o ex-dirigente leonino comentou sobre vários pontos do clube rubro-negro, que vão desde as eleições até o modelo de gestão de base que Bivar acredita ser o certo para o futuro do clube. Começando pelo pleito eleitoral do Leão, previsto para acontecer no dia 5 de março, o deputado explicou o porquê vai apoiar o advogado Delmiro Gouveia, que concorre à presidência pela chapa Juntos Pelo Sport. De acordo com Bivar, Delmiro já provou ser muito competente nas administrações que teve no Cabanga Iate Clube e também na Associação dos Criadores dos Animais.
"O Delmiro não é oposição e nem muito menos o candidato da sequência. Em um almoço que eu tive com Eduardo Monteiro, com o próprio Gustavo (Dubeux)... eu disse que nós só iríamos apresentar uma sugestão se Milton não fosse candidato. Como Milton declinou da candidatura dele, apresentamos um candidato, porque nós não seríamos quem seria o candidato (da situação), até então não tinha chegado Nós apresentamos o Delmiro Gouveia porque foi uma pessoa que saltou os olhos pela administração no Cabanga, na administração da Associação dos Criadores de Animais. Por onde ele tem passado tem feito uma boa gestão. É um bom advogado, é um homem qualificado e que conhece de gestão. Então acho que o Sport estaria em boas mãos com Delmiro Gouveia", afirmou.
FUTEBOL
Com 42 pontos, o Sport está na 14ª posição e praticamente livre do rebaixamento para a Série B. Mesmo com esse cenário, o time rubro-negro ainda é alvo de algumas críticas por adotar uma postura defensiva na maioria das partidas, algo que incomoda parte da torcida leonina. Ao ser questionado sobre o assunto, Luciano Bivar destacou que vem acompanhando os jogos do Leão e, na visão dele, o time vem fazendo do 'limão uma limonada'. Além disso, o ex-dirigente também elogiou o trabalho do técnico Jair Ventura.
"Tenho visto os jogos do Sport. Aqui eu estou falando não como dirigente, mas como torcedor de arquibancada. Acho que estamos fazendo do limão uma limonada. Os nossos atletas não têm a qualidade que gostaríamos, mas o treinador está fazendo o possível. Esse último jogo contra o Bragantino acho que não poderíamos fazer mais do que fizemos, era jogar pelo pontinho. Sou muito pragmático nesse aspecto", afirmou Bivar, que completa direcionando críticas aos argentinos que deixaram o Sport na reta final da Série A: os meias Lucas Mugni e Jonatan Gomez.
"Nós trouxemos argentinos que eram péssimos. Ainda dou aquela de torcedor. Liguei para o Fred (Domingos) e disse: 'Fred, por favor, deixa esse Mugni ir embora'. Aí ele disse: 'Mas é o melhor jogador do Sport'. E eu disse: 'Que nada, isso é péssimo. Com ele ficamos em 8º lugar do Campeonato Pernambucano'. Então eu dou minhas cornetadas. Depois que os argentinos saíram eu acho que nós começamos a ter uma estrutura de jogo dentro das nossas limitações", afirmou.
Na composição da chapa de Delmiro Gouveia, o homem forte do futebol será o ex-presidente Homero Lacerda, que já esteve ao lado de Luciano Bivar diversas vezes ao longo das gestões rubro-negras. "Então futebol requer que alguém dentro do clube tenha isso. Homero (Lacerda) está disposto a ajudar Delmiro, o Eduardo Monteiro também. Conversei com muita gente que quer dar uma ajuda para que a gente forme um time e, paralelamente a isso, vamos ver se politicamente a gente altera esse sistema da propriedade e titularidade dos atletas profissionais", detalhou.
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FINANÇAS DO SPORT
Que o Sport é um clube com dificuldades financeiras todo mundo sabe. Mesmo com o Leão permanecendo na Série A, não terá vida fácil, uma vez que as dívidas causadas ao longos dos últimos anos são grandes. Ao ser questionado sobre o assunto das finanças leoninas, Bivar valorizou o desempenho da atual direção do clube. "Confesso a você que o momento do Sport é crítico. A atual gestão do Sport fez das tripas o coração porque fizeram um verdadeiro desmonte (as outras gestões) na estrutura que o Sport tinha nos últimos anos. Então a gente precisa parar para reestruturar o clube e acho que esse é o momento de fazer isso", afirmou Bivar, que completa destacando que um dos caminhos para o Sport e outros times brasileiros se reestruturarem é alterando a Lei Pelé, dando um maior poder para os clubes na formação dos atletas oriundos da base.
"Não quero puxar nada pela nossa participação política, mas acho que a gente tem condições de, junto ao Congresso Nacional, alterar a lei 9615, que é a Lei Pelé, para que os clubes tenham uma participação mais ativa na propriedade dos atletas que eles formam. Então eu posso garantir que vou me empenhar nisso. Antes de ser desportista eu sou rubro-negro. Acho que o Sport só é erguido, assim como Náutico e Santa Cruz, se a gente tiver a propriedade desses atletas. Então é importante. Acho que o Delmiro sabe disso e ele tem esse comprometimento, já conversei com ele sobre esse assunto. Acho que é nesse caminho que a gente tem que andar para fazer uma reestruturação não só no futebol pernambucano, mas também no futebol brasileiro", explicou.
GESTÃO DE BASE
Ainda sobre a questão da gestão de base, Luciano Bivar demonstrou um certo incômodo com o fato dos atletas ainda garotos serem agenciados por vários representantes. "Meu pensamento não é muito distante do passado. Quando aparece um garoto lá no clube, existem três, quatro ou cinco procuradores. O clube não é dono daquele atleta. E você tem que fazer um contrato com o jogador, que se ele não vingar, você tem que pagar a ele durante cinco anos de contrato. Então é um risco muito grande, é importante a gente falar isso", afirmou Bivar, que completa fazendo outras críticas direcionadas ao atual modelo de contrato feito com os garotos da base não só do Sport, como dos clubes brasileiros.
"Se você conseguir catar jogador no mercado, ótimo. Mas como a camisa do Sport traz muitas metas, acho que a base é muito importante, mas não é uma coisa que resolva, porque quando o jogador começa a despontar, levam o jogador. É preciso que o jogador seja propriedade do clube Agora se o clube não tiver dinheiro para renovar, aí o jogador tem o seu passe livre de forma automática, após ser estipulado o valor do seu passe. Agora não é um passe que você estipula arbitrariamente, porque há uma correlação entre o valor que você estipula o passe na sua respectiva federação e o salário que você vai pagar. Eu não posso estipular o passe de maneira limitada. Então é isso que tem que retornar para a Lei Zico, que era antes da Lei Pelé", finalizou.