Náutico e Sport decidem o título do Campeonato Pernambucano sem a tradicional festa das torcidas

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Lucas Holanda

Publicado em 22/05/2021 às 7:21
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Náutico e Sport vão decidir o Campeonato Pernambucano pela 19ª vez. Só que em 2021 um elemento fundamental vai estar ausente: os torcedores no estádio. Por conta da pandemia do coronavírus, que ainda segue assolando Pernambuco e o Brasil, ainda não está liberado a presença de torcida nas arquibancadas. Apesar disso, no entanto, os corações alvirrubros e rubro-negros seguem batendo forte e mandando apoio para seus clubes. De maneira distante, é verdade, mas com o pensamento lá dentro de campo.

Em 2019, na última vez em que Náutico e Sport decidiram o Campeonato Pernambucano, os jogos das finais contaram com ótimos públicos. Festa nos Aflitos e na Ilha do Retiro. Naquela ocasião, os rubro-negros levaram a melhor em uma Ilha do Retiro lotada. Nos pênaltis, bateram os alvirrubros e conquistaram o 42º título do Pernambucano. Agora, diferentemente de dois anos atrás, o palco da decisão é o estádio dos Aflitos, que volta a receber uma final do Estadual após quase 46 anos sem sediar.

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Por ter sido a última final com público aqui em Pernambuco, a decisão não sai da cabeça de quem esteve na Ilha do Retiro naquele 21 de abril de 2019. É o caso de Marcelo Alexandre, consultor na área de custos e que esteve presente na final. Rubro-negro 'desde o berço', o jovem de 21 anos frequentava o estádio com muita frequência. No entanto, por conta da pandemia, isso não vem sendo possível. Para amenizar a saudade, Marcelo conta que assiste vídeos da torcida na Ilha constantemente. Um desses, claro, a final de 2019, onde ele teve uma experiência cheia de adrenalina.

"Foi um jogo complicado, um misto de emoções toda hora. Lembro bem do pré-jogo, da recepção do ônibus, da comemoração no final. Minha experiência se baseou em adrenalina o jogo todo, principalmente pelo Sport ter aberto o placar logo cedo. Depois, veio a tensão (O Rubro-Negro tomou a virada). Decisão por pênaltis é sempre diferente de uma para a outra, não tem jeito. A sensação do título é inexplicável, só quem tá dentro da Ilha sabe a atmosfera que é. Fiquei na sede para a festa e foi linda demais, complementou o dia", explicou.

Marcelo na Ilha do Retiro comemorando uma vitória do Sport. Foto: Acervo Pessoal

Assim como milhares de rubro-negros, Marcelo nunca pensou que fosse ficar tanto tempo sem ir para a Ilha do Retiro. Apesar disso, no entanto, o otimismo do jovem de 21 anos segue intacto: crê que o Sport será campeão e manterá o tabu de não perder uma final para o Náutico desde 1968. Para acompanhar essa decisão, Marcelo revela que a programação será um churrasco em família, tradição na casa há vários anos.

"A gente meio que se acostuma a estar lá, apoiando. Final sempre tem aquele fator a mais de empolgação, o sentimento que fica é o de tristeza por não puder estar presente, pois acredito que esse tabu histórico não vai ser quebrado domingo. Pretendo ver com a minha família e no máximo um ou dois amigos, na minha casa. A programação do domingo é sempre aquele churrasco antes do jogo, para não perder o costume de vários anos", finalizou.

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Assim como Marcelo, quem também não esquece aquele 21 de abril de 2019 é a estudante de nutrição Marcella Macêdo. Ela, que vai ao estádio desde pequena junto com seu pai, Darcio Macêdo, agora está tendo que conviver com esse período longe da Ilha do Retiro. Marcella, inclusive, tem a opinião de que jogo é para se assistir no estádio, pois lá você bota para fora todas as suas emoções e é possível passar energias positivas para o Sport, assim como ela e o seu pai fizeram na decisão de 2019.

"Fui para o jogo com meu pai e estava super confiante. Ilha do Retiro lotada, mais de 27 mil pessoas... mas aí o Náutico virou o jogo. E aí ficou todo mundo aflito, ninguém estava esperando. Fiquei muito nervosa, mas Mailson apareceu, pegou dois pênaltis e o Sport foi campeão. E aí foi aquela alegria sem igual, ainda mais de ganhar um título em cima de um rival como o Náutico", explicou Marcella.

Marcella ao lado do seu pai na Ilha do Retiro. Foto: Acervo pessoal

A experiência de Marcella dentro da Ilha do Retiro é tão grande que até entrar em campo na época de criança ela entrou. Em 2005, ano do centenário do Sport, a estudante de nutrição entrou no gramado junto com os jogadores do Rubro-Negro, na propaganda do centenário do Leão há 16 anos atrás. Para acompanhar a decisão deste domingo, a programação é, como sempre, ao lado do seu pai. E ela está confiante que o desfecho será positivo para o Sport, assim como em 2019.

"Vou assistir ao jogo com meu pai, não poderia ser diferente. Ele me passou esse amor pelo futebol e pelo Sport. Sempre vamos para os jogos juntos, então fica aquela superstição de ter ao meu lado na final, em um jogo tão importante, quem sempre esteve junto comigo nos jogos do Sport. Não vamos fazer nada demais, só os dois assistindo e torcendo juntos", finalizou Marcella.

NÁUTICO

Se no lado rubro-negro o sentimento em relação à final de 2019 é de nostalgia, o mesmo não pode se dizer do lado alvirrubro, que foi derrotado nos pênaltis naquela ocasião. Porém, para a decisão deste domingo (23), a recepcionista Leila Lopes, de 24 anos, mostrou-se confiante em um roteiro diferente, justamente pelo que o Náutico apresentou na primeira partida da final, que terminou empatada em 1x1.

"Eu fui pra os dois jogos da final de 2019, lembro que a torcida estava bem esperançosa em relação ao título, que infelizmente terminou não vindo, mas mesmo no segundo jogo, lembro que adrenalina da torcida na Ilha do Retiro era das melhores. Esse ano estou bem confiante em relação ao segundo jogo, levando em consideração o desempenho do time na ida. Espero que dê certo", relatou Leila.

Apaixonada pelo Náutico, Leila Lopes lamentou a impossibilidade de ir aos Aflitos na grande final. Foto: Acervo Pessoal

Confiante em um desfecho diferente na decisão, Leila lamentou não poder estar presente nos Aflitos - estádio que costumava ir com frequência antes da pandemia do novo coronavírus - para incentivar os jogadores em busca de um título em cima do Sport, que não acontece desde 1968. Neste contexto, a programação para assistir o jogo será com um churrasco, recheado de energias positivas para os atletas alvirrubros.

"O pior sentimento possível (não estar nos Aflitos). A gente sempre quer está lá no estádio apoiando o time e dessa vez não será possível, mas fico na torcida e mandando energias positivas, mesmo que de longe, para que tudo ocorra da melhor forma possível e o título venha. Vou assistir com poucos amigos, vamos organizar um churrasco. Faço aniversário na segunda-feira e só pra não passar em branco, juntar o útil ao agradável. Espero que o Náutico me dê um presente bom", projetou.

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A saudade dos Aflitos, por sinal, é um sentimento comum entre os mais apaixonados pelas cores vermelha e branca. Para Viviane Ferreira, que é supervisora operacional, o retorno ao Eládio de Barros Carvalho no final de 2018 facilitou sua ida com frequência para o estádio, já que a logística para chegar à Arena de Pernambuco era mais complicada. No entanto, a impossibilidade de ir para a casa do Timbu em razão da pandemia foi um 'choque', principalmente por não poder apoiar o time nos momentos importantes do clube, como a final deste domingo, diante do Leão.

"A gente não esperava que em um ano tão importante como esse, com o Náutico tendo chances de voltar para a elite do futebol brasileiro, e a gente não pode estar ao lado para apoiar. É uma final difícil como todos os anos quando enfrentamos um rival. Então a presença da torcida ia ser decisiva, porque o apoio quando se torna caloroso, e o time recebe esse apoio, ficam ainda mais fortalecidos. Estar longe em mais um momento decisivo tem sido muito triste e frustrante. Uma coisa é gritar e comemorar em casa, mas nada se compara a sensação de estar nos Aflitos", comentou.

Viviane Ferreira com sua filha, em partida nos Aflitos. Foto: Acervo pessoal

Sempre que conseguia conciliar a logística entre o trabalho e os jogos do Náutico, a presença de Viviane nos Aflitos era quase certa, em algumas oportunidades, com a companhia da filha. Agora, com o momento difícil que passa Pernambuco e o Brasil com a pandemia, a jovem de 24 anos decidiu se recolher, como medida de proteção individual e também daqueles que ama. Com isso, assistirá o jogo sozinha. Ou melhor, com duas companhias especiais: uma bebida e a carteira do plano de saúde, para o caso de maiores tensões. Apesar da brincadeira, a expectativa para um triunfo em cima do Leão está alta.

"Não teria nada melhor do que uma final boa como essa para assistir entre amigos ou no estádio, mas pelo momento delicado da pandemia, optei por assistir em casa, sozinha, para me preservar e proteger também meus familiares e amigos. É um momento de colaboração. Minha única companhia para domingo vai ser uma bebida, para tranquilizar o emocional, e a carteira do plano de saúde, porque qualquer coisa... Todo clássico é nervoso, então é bom estar preparada. No mais, estou com uma expectativa muito boa. Temos tudo para ganhar", concluiu Viviane.

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