Titular do Sport, Mailson relembra vendas de óculos e amendoim na praia
Goleiro teve que vender amendoim e óculos de sol na praia de Santos, cidade onde o Sport enfrenta o Peixe nesta quarta-feira
Apesar da crise vivida pelo Sport, dá para dizer que o goleiro Mailson vem fazendo a sua parte nas partidas. Nesta quarta-feira, o Rubro-Negro enfrenta o Santos, às 20h30, na Vila Belmiro. Uma cidade, aliás, que traz lembranças para o arqueiro leonino. Não são memórias do mundo da bola, mas sim de uma adolescência em que o goleiro precisava se desdobrar antes do futebol.
Aos 16 anos, Mailson e o seu irmão mais velho, Maurício, viajaram para São Paulo. Eles alugavam uma casa no litoral paulista, tendo em vista que era época de praias lotadas. Quando chegavam, compravam óculos na Rua 25 de Março para comercializar em Santos e em Praia Grande. Era uma forma que a dupla encontrava para garantir o sustento.
"A segurança era muito pesada. Quando vinha a fiscalização, como não tínhamos a licença, a única saída era a praia. A gente pegava a prancha e ia até um certo ponto fundo. E aí, eles de calça e sapato não queriam chegar. Tinha que ganhar o pão", afirmou Mailson, que completa relembrando uma história curiosa do seu primeiro dia vendendo óculos na praia.
"No primeiro dia que cheguei na praia, vendi R$ 1100 reais de óculos. Aí falei: 'poxa, no primeiro dia que cheguei R$ 1000 já. Vou ficar três meses aqui e ficar rico'. Aí do nada veio um cara do sítio dizendo para comprar um play 2, que custava R$ 500 e na loja estava por R$ 800. Aí comprei, porque pensei: 'vou ter dinheiro amanhã'. Aí comprei e fiquei com R$ 600 reais", disse.
"Aí depois chega meu irmão dizendo para pagar o aluguel, aí fiquei só com R$ 300. Depois foi para comprar a carne... sei que só fiquei com R$ 100 reais. E o dinheiro para voltar para casa? Aí tive que ligar para minha mãe chorando. Todo nordestino tem esse pensamento, de que São Paulo é isso e aquilo. E no meu caso não me dei bem, não tive essa noção de guardar dinheiro. Voltei ligando para minha mãe e fiquei com R$ 50 conto. Foi ruim esse tempo", completou.
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Mailson caminhava pelo menos 10km por dia entre as praias, levando consigo as pranchas com os óculos e a mochila. Ele, aliás, passou a vender amendoim depois, tendo em vista que o comércio de óculos não estava dando o retorno esperado. Na visão do goleiro, foi um período difícil da sua vida, mas que serviu para colher aprendizados durante essa jornada. Um ano depois desse episódio, ele chegou na escolinha do Rubro-Negro e o resto é história.
"Um tempo que serviu para minha carreira. É ir aprendendo com a vida, estou colhendo bons frutos e minha família está feliz. É um prazer olhar para os meus pais e ver que tudo o que fizeram não foi em vão", finalizou.
Natural de Alagoas, tendo crescido no município Girau do Ponciano, Mailson está no profissional do Sport desde 2018, tendo já conquistado um Campeonato Pernambucano e um acesso à Série A, ambos em 2019. Hoje o arqueiro é titular do leonino.