Ex-zagueiro do Sport estreou no profissional do Guarani-SP com a missão de segurar Pelé. Saiba quem foi
Estevam tinha apenas 17 anos quando foi surpreendido ao saber que seria titular diante do Santos. Até hoje ele guarda a camisa do Rei do Futebol
Todo jovem atleta do futebol sonha em um dia ser escalado no time profissional. É a sua realização. E não por isso ele não vá sentir aquele friozinho na barriga ou até mesmo as pernas tremerem. A ansiedade toma conta do corpo. Não é fácil suportar a pressão. E imagina para o jovem zagueiro Estevam Soares, no auge dos seus 17 anos, fazer sua estreia pelo Guarani-SP, com a missão de parar ninguém menos que Pelé? Uma situação que ele não esquece até os dias de hoje. Até porque guarda com carinho a camisa do Rei que conseguiu logo após a partida.
O ano era 1973. Estevam havia feito uma boa Copa São Paulo de Futebol Juniores. E, assim, o técnico Zé Duarte havia integrado ele ao grupo profissional. Estevam só fazia treinar, treinar, treinar. Mas certo dia, foi surpreendido pelo treinador: "Ei garoto... Você vai para o jogo!". "Rapaz, naquela época, quando dizia que o jogo era contra o Santos de Pelé, era jogador dizendo que estava com diarreia, com dor de cabeça. Ninguém queria jogar. Mas queria ver. Porque era um time espetacular", diz.
Estevam, naturalmente, ficou nervoso. E mais ainda quando entrou no gramado. Ele lembra que o meia Alfredo, um dos destaques do Bugre naquele ano, deu o recado: "Olha, o Pelé é um grande craque, mas ele costuma entrar duro e quebrar a perna do adversário". Era uma brincadeira, claro. "Mas, pô, tremi, né?! Como se diz isso para um garoto!", lembra rindo. Para Estevam, aquele momento era histórico na sua vida. E também de idolatria, pois sabia que estava encarando o melhor jogador do mundo. "Naquele momento, Pelé foi uma referência, deu uma aula de futebol profissionalismo. O jogo já estava dominado para o Santos. E ele dando bronca em Edu, já no final da partida. A postura dele, a liderança. Jamais esqueci", conta.
Durante a partida, Estevam jogou sério, sem muito papo. "Lembro que eu dei uma entrada, ele olhou pra mim e disse: 'Ei, garoto... você não sabe bater, hein?!' Eu pedi desculpas. E segui o jogo". A partida já estava 2x0 para o Peixe. Estevam nem estava mais ligando para o placar. Sua cabeça estava voltada para um objeto de desejo de todo jogador que enfrentava o Rei do Futebol naquela época: a sua camisa santista, suada do jogo. "Quando estava faltando poucos minutos para o fim, eu só ficava perto dele. Assim que o árbitro apitou, pulei no pescoço dele e pedi a camisa. Ele me presenteou".