Longe dos gramados, ex-atacante relembra dia de herói na última vitória do Sport sobre o Flamengo no Rio
Taílson marcou duas vezes e garantiu o triunfo por 2x1 sobre o clube carioca pela Copa João Havelange
A temporada de 2000 é inesquecível para o torcedor do Sport. Naquele ano, a diretoria montou um time forte que foi campeão estadual e do Nordeste, além de ter sido vice da Copa dos Campeões. O futebol veloz e entrosado da equipe ainda fez a torcida feliz durante a competição nacional. O Campeonato Brasileiro foi substituído pela Copa João Havelange e o Sport voou. Sob o comando do técnico Émerson Leão, o Rubro-negro ficou na 5ª colocação. Foi na Copa JH que o Sport venceu o Flamengo no Rio de Janeiro pela última vez. A vitória foi de virada, por 2x1, com dois gols de um atacante que até hoje relembra com alegria e orgulho os feitos daquela partida do dia 14 de outubro de 2000.
"O Flamengo era repleto de "galácticos". Um timaço para ser campeão. A gente sabia que não teria facilidade. Só que o nosso entrosamento nos dava confiança. O Sport jogava fora de casa como se jogasse em casa", relembra Taílson, em entrevista ao Blog do Torcedor. Ele lembra bem como ajudou a construir a vitória. "A gente sofreu o gol de Denílson e fomos buscar. Peguei uma bola na entrada da área e bati de virada. A bola desviou na zaga e tirou o goleiro da jogada. Depois, no segundo tempo, trombei com o zagueiro Ronaldo e o árbitro marcou pênalti. Eu nem era o batedor. Mas estava confiante. Peguei a bola e bati no canto, rasteiro. Foi uma grande vitória".
A campanha do Sport foi quase impecável. Na primeira fase, o Leão terminou na segunda colocação, com 42 pontos, atrás apenas do Cruzeiro, que ficou com 45. Na segunda fase, o time rubro-negro passou pelo Remo, com duas vitórias. Foi então que veio o Grêmio na fase seguinte. No primeiro jogo, em Porto Alegre, o Tricolor gaúcho venceu por 2x1, com dois gols de Ronaldinho Gaúcho. Taílson fez o gol do Sport. Na capital pernambucana, em uma partida bastante polêmica, as duas equipes ficaram no 1x1. Taílson não balançou as redes e ainda perdeu oportunidades. O Sport deu adeus à competição, mas o torcedor não esquece aquela campanha.
Taílson se encaixou bem no esquema do técnico Émerson Leão. Com boa estatura e porte físico, o atacante se firmou como titular. Uma referência na área, tendo o suporte de jogadores do quilate de Leonardo, Nildo, Adriano, Sidney, Leomar, Dutra. Taílson foi artilheiro da equipe com 13 gols. Mas o curioso é que o atacante não estava nos planos do treinador. "Quando eu estava na Matonense, Leão estava no Santos. Joguei contra ele. Em 2000, meu contrato era da TAM. E eles me falaram que o Sport me queria. Aí, quando me apresentei a Leão, ele me falou: Olha, você não era o que eu queria, mas já que está aqui, vamos trabalhar", conta. Taílson diz que Leão era um técnico exigente e correto demais. "Ele cobrava demais. Muitas vezes, após o treino da equipe, ele trabalhava comigo sozinho. Deu certo. Fiz gol logo na estreia, contra o Vasco".
Se a empresa abriu as portas para Taílson chegar o Sport, por outro lado, ela praticamente selou sua saída da Ilha do Retiro. "Eles não aceitavam um novo empréstimo. Só queriam a venda. Então, o Botafogo comprou 50% dos meus direitos. E lá fui eu para o Rio de Janeiro. Mas nunca esqueci o Sport, aquele time era, realmente, muito bom", exalta.
Taílson reencontrou o Sport anos depois. Mas quis o destino que ele protagonizasse a "Lei do ex". O atacante vestia a camisa do Paulista de Jundiaí. Na partida da fase eliminatória, na Ilha do Retiro, ele fez os dois gols do time do interior de São Paulo na vitória por 2x1. "Após essa partida, na saída do vestiário, o torcedor do Sport veio reclamar: 'Pôxa, Taílson... você era para ter feito os gols contra o Grêmio'. Mas são coisas do futebol, né?"
Após a passagem pelo Sport, Taílson ainda jogou por vários clubes. Pendurou as chuteiras jogando a Série A2 do Campeonato Sergipano, pelo Atlético Gloriense, clube da sua cidade-natal, Nossa Senhora da Glória. Hoje, é proprietário de um campo society, que ele aluga para os peladeiros do bairro e também para escolinha de futebol, que ele compartilha seus conhecimentos no mundo da bola. "Ser jogador de futebol não é fácil. O pessoal vê na TV e acha bonitinho. Aí, quando começa e vê a bronca, acaba desistindo. O pessoal pensa no dinheiro antes de tudo. As coisas não acontecem assim. Futebol é amor, dedicação e respeito", ensina.
Sobre o duelo do Sport contra o Flamengo, na tarde deste domingo, Taílson acredita que o Leão pode surpreender."Todo mundo pensando que o Flamengo é o bicho papão e acabou sendo goleado pelo Inter-RS. Cada jogo é uma história. Pode ser que Sport surpreenda, como fizemos.", acredita.