Pernambucano busca verba para representar Estado no Mundial de xadrez na Polônia
Após vice-campeonato nacional, Rafael Cabral conseguiu classificação para jogar na Europa, mas precisa de apoio financeiro para viajar
Foi aos 12 anos que Rafael Cabral ganhou um tabuleiro de xadrez. Achava linda as peças no tabuleiro. Mas não sabia da regra. Jogava com os vizinhos em Pontes do Carvalho, distrito da cidade do Cabo de Santo Agostinho, como se fosse dama. Anos depois, já morando no bairro do UR-1, zona do Recife, conheceu Vanessa Lyra, uma vizinha que ensinou todas as regras e plantava a semente de um sonho em Rafael: conhecer o mundo jogando xadrez. Recentemente, esse pernambucano de 30 anos, foi vice-campeão brasileiro da modalidade. Rafael ganhou vaga para ir à Polônia disputar o campeonato mundial, que começa neste sábado, dia 25. Mas para isso, precisa arrecadar dinheiro que possa lhe garantir a estadia no local. Amigos e alunos criaram uma "vaquinha virtual" para que Tio Rafa consiga o apoio financeiro e realize seu sonho.
Aprender xadrez foi uma transformação na vida de Rafael Cabral. "No primeiro dia, ela (Vanessa) me ensinou a mexer as peças. No segundo, me ensinou o xeque e o xeque-mate. E quando fomos jogar, acabei ganhando dela. Aí, fiquei encantado e já queria ensinar as pessoas que só sabiam usar o tabuleiro como se fosse dama", lembra. Na época, existia o projeto Escola Aberta, onde se ensinava a jogar. Rafael passou a frequentar, para jogar com mais e mais pessoas. Depois, descobriu que no Parque 13 de maio, centro do Recife, muitos senhores estão lá jogando diariamente, por horas e horas. Ao final da sua aula, Rafael ia no local e esquecia do dia de tanto jogar.
A dedicação, o esforço e o amor ao xadrez deram a Rafael Cabral a sabedoria necessaria para cativar mais admiradores da prática. "O xadrez abriu várias pontes para mim. Comecei a ter uma visão diferente da vida, buscar o aprimoramento da vida. As pessoas diziam que eu tinha talento, então porque não conquistar o mundo com aquilo que gosto de fazer. Primeiro, então, tenho que conquistar onde moro. Fui campeão estadual, aí fui buscando voos maiores. Fui então em busca do Nordeste. Fiquei na sexta colocação, mas fui a revelação. Aí, quando vi, já circulei a região do Nordeste", diz.
Em meio a treinamentos e campeonatos, Rafael descobriu que sua felicidade no xadrez. Então, pensou: porque não viver do que mais gosta. Imaginou a sua rotina, trabalhando como professor de xadrez. E como mágica, tudo começou a acontecer. "Hoje, eu tenho tantos alunos que não tenho mais espaço para ensinar a mais pessoas. Ensino no ABA e na escola Saber Viver. Somando com quem tem aula particular, dá cerca de 70 alunos", revela.
Dentre os benefícios de jogar xadrez, Rafael Cabral cita o raciocínio lógico, o pensar antes de agir, tomada de decisão de forma mais assertiva. "As crianças são interativas, elas agem antes de pensar e, no xadrez, cada ação tem um efeito. Por isso, trabalho o lado cognitivo da criança. Se tomar decisão só na intuição, acaba tendo uma consequência", diz.
Com a confirmação da sua ida para a Polônia, será a segunda viagem internacional de Rafael Cabral. Em 2018, disputou o Mundial sub-23 na Itália, onde terminou na 22ª colocação. Dessa vez, ele espera um melhor resultado. "É um campeonato muito forte, onde vai estar a elite do xadrez. Vou tentar dar o máximo e surpeender os adversários. Minha intenção é ganhar experiência e contato com outros jogadores, afirma.'