Futebol ofensivo, campanha de recuperação e insistência no mesmo modelo de jogo: repórter peruano avalia último trabalho de Mariano Soso, novo técnico do Sport
Treinador foi anunciado oficialmente pelo clube, e deve chegar ao Recife já nesta quinta-feira (07)
É certo dizer que o nome de Mariano Soso pegou de surpresa a torcida do Sport. O argentino de 42 anos tem negociações encaminhadas para se tornar o novo técnico do Leão e acumula, apesar da pouca idade, um currículo de boa experiência no futebol da América do Sul. No último trabalho, recuperou o péssimo início de temporada do Melgar, mas deixou o torcedor da equipe peruana com um sentimento de que o clube poderia ir mais longe.
Soso chegou ao time de Arequipa logo após um péssimo início da temporada. Em seis rodadas, o Melgar teve quatro derrotas e dois empates, ocupando a vice-lanterna do Torneio Apertura, uma espécie de primeiro turno do campeonato peruano.
"A chegada de Soso fez o Melgar melhor, isso é inegável. Ele fez muitas mudanças no time, mas sofreu com um elenco mal montado. Era um plantel curto em termos de variações e até mesmo de substituições. Foram muitos empates e muitos jogos em que abriu o placar, mas tomou o empate no final pelo fato da equipe estar mal posicionada, com transições ruins", disse Carlos Alpaca Zuñiga, repórter setorista do Melgar pela RPP Deportes, em entrevista à Rádio Jornal.
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O início ruim deu lugar a uma campanha estável, resultando na oitava posição ao final do Apertura. Com o tempo, e principalmente com a possibilidade de contratar jogadores diante do início do Torneio Clausura (segundo turno), Soso começou a implementar o seu modelo de jogo, prezando por um futebol ofensivo.
"Soso sempre tentou tornar o Melgar uma equipe protagonista, que gosta da bola, principalmente com as linhas defensivas adiantadas. Uma equipe predisposta ao ataque. Apesar de não ter um plantel tão amplo, ele impôs um sistema com uma linha de três na defesa e dois alas, além de um ou dois volantes, a depender do rival. Sobretudo, havia muita mobilidade no ataque", analisou Alpaca.
Mesmo diante de um melhor rendimento e melhores resultados, Mariano Soso tinha um calo: os jogos em casa. Ao passo que os Rojinegros foram um dos melhores visitantes de toda a competição, alguns jogos em Arequipa tornaram o caminho do Melgar mais difícil. "As grandes dúvidas a respeito do trabalho dele foram nos resultados em casa. Perdeu pontos importantes contra o Universitário, Huancayo e Sporting Cristal. Isso o impediu de ganhar o Clausura", afirmou Carlos Alpaca. No fim, os Rojinegros ficaram a um ponto de conquistar o segundo turno.
Ao final da temporada, a campanha de recuperação feita pelo Melgar no Apertura não marcou tanto quanto a sensação de que o time poderia ido mais longe no Clausura. De acordo com Alpaca, Soso insistiu por muito tempo no mesmo sistema de jogo. "A grande crítica a Soso foi a teimosia. Ele quis impor a ideia dele perante ao plantel e não se adaptar ao plantel. Sofreu algumas baixas por lesão e, ao invés de se adaptar ao que tinha, ele bancou a sua ideia. Não pôde ganhar o Clausura e sequer foi a fase de grupos da Libertadores".
De toda forma o trabalho foi visto como positivo e se esperava que Soso permanecesse em Arequipa para mais um ano, mas a torcida e a imprensa peruana foram surpreendidas com a notícia da saída do comandante dez dias antes do início da pré-temporada.
"Se pensava que ele iria trazer reforços e seguir o trabalho. De maneira abrupta, deixou o time a menos de dez dias do início da pré-temporada. Não ficou claro o motivo da saída, mas, a informação que tenho, é que foi uma decisão dele, de Soso", concluiu Carlos Alpaca.
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