Doping tecnológico? Iaaf investiga tênis produzido para longas distâncias
Lembra quando os supermaiôs da natação dominaram as piscinas e foram responsáveis por várias quebras de recordes? O atletismo internacional encara situação parecida com os tênis VaporFly, da Nike. Após uma sucessão de tempos superados, um grupo de atletas se sentiu prejudicado e oficializou reclamação na Federação Internacional de Atletismo (Iaaf). Em comunicado, a entidade garantiu que um grupo de profissionais realizará um estudo para analisar o acessório e considerar as questões levantadas. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, a Iaaf tem interesse em resolver a situação.
A discussão aponta que o uso do tênis é um doping tecnológico, levando em consideração que o calçado confere vantagem para os competidores patrocinados pela Nike. Os modelos VaporFly (4% e Next) contém uma placa de fibra de carbono no comprimento de entressola de espuma, o que torna o tênis mais responsivo e com maior propulsão.
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O debate ganhou ainda mais força nas últimas semanas, quando o queniano Eliud Kipchoge correu uma maratona (42km) em 1h59min40seg, algo considerado extraordinário para o universo esportivo. Na ocasião, ele usou um modelo de tênis exclusivo com três placas de carbono e quatro câmaras de ar. Vale destacar que Kipchoge quebrou a barreira das 2h em um evento minuciosamente controlado e que a marca entra para o Guinness Book, mas não é considerada oficial para a Iaaf.
Há quem diga que um tênis não pode ser o único responsável pelos resultados dos atletas. Afinal, os tempos são consequências de uma série de fatores como treinamento, nutrição, fortalecimento, condição psicológica, entre outros. Mas os últimos recordes quebrados ligam o alerta para o uso do tênis e suas vantagens.
Desde o primeiro lançamento do modelo, em 2016, o recorde mundial da maratona foi quebrado cinco vezes por atletas que calçavam um VaporFly. Recentemente, na Maratona de Chicago, a queniana Brigid Kosgei cravou 2h14min04seg e bateu a antiga melhor marca de Paula Radcliffe, que durou 16 anos.
A natação encarava situação semelhante com os trajes tecnológicos há cerca de 10 anos. O maiô era produzido com material que auxiliava a flutuação do nadador, tornando o deslocamento na água mais fácil e veloz. Após muita polêmica, a Federação Internacional de Natação (Fina) resolveu proibir o traje.
De acordo com treinador especializado em corrida Jéfter Campos, o mérito é do atleta, mas as entidades esportivas devem considerar as interferências da tecnologia. “Acredito que, se provado de fato o ganho de performance além da condição do atleta, o calçado deve ser proibido. Assim como aconteceu com as roupas de natação”, comentou o profissional de educação física, que completou. “Mas independente da tecnologia, só há benefícios se você está lá na ponta, no Top 5 da prova. Eles vão favorecer alguns segundos no resultado”, observou Jéfter. Agora fica a expectativa para a decisão da Iaaf e a ansiedade para o que pode acontecer nos Jogos Olímpicos de 2020.
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