Empatia

Cartas para Suzy: após revelar que está há oito anos sem visita, detenta trans recebe correspondências

O relato fez com que a administração da penitenciária divulgasse um endereço para o envio de cartas à trans

Larissa Lira
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Larissa Lira
Publicado em 03/03/2020 às 18:44 | Atualizado em 04/03/2020 às 5:53
Reprodução - TV Globo
Dr. Drazio Varella entrevista Suzy Oliveira detenta trans da penitenciária em São Paulo. - FOTO: Reprodução - TV Globo

No último domingo (1º) o Fantástico exibiu uma reportagem comovente. O médico Drauzio Varella, voluntário em presídios há 30 anos, contou a realidade de mulheres transexuais encarceradas. Uma das personagens era Suzy Oliveira que confessou ao médico que há oito anos não recebia visitas. A comoção do relato fez com que a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo (SAP/SP) divulgasse um endereço para que as pessoas pudessem enviar correspondência à trans.

“CARTAS PARA SUZY: tendo em vista a repercussão da reportagem exibida no Fantástico com a presa trans Suzy Oliveira, que está na Penitenciária I José Parada Neto, a SAP recebeu pedidos interessados em enviar cartas à reeducanda”, diz o texto da secretaria, no Twitter.

Repercussão

Durante a segunda-feira (2) o nome do Dr. Drauzio Varella ficou entre os Trending Topics do Twitter, e muitos usuários relataram a emoção que sentiram ao ver o médico abraçar a trans Suzy após o relato.

Na reportagem, o médico retratou a aceitação pessoal e da sociedade, o mercado de trabalho e dia-a-dia das transexuais nos presídios. “A sensibilidade do dr. Drauzio Varella é um negócio absurdo. Esse cara é o melhor ser humano vivo”, tuitou um usuário.

Sensibilidade atrelada à realidade

Não é a primeira vez que o médico surpreende pela sua sensibilidade e empatia com o próximo. Médico voluntário do sistema penitenciário desde 1989, Drauzio relatou suas experiências em uma trilogia de livros. ‘Estação Carandiru’, ‘Carcereiros’ e ‘Prisioneiras’ relatam os anos que o médico passou cara a cara com o sistema prisional brasileiro. Além de tentar colocar em palavras no livro ‘Por Um Fio’ todo o impacto da convivência com a dor e a perspectiva da morte no comportamento de pacientes com câncer e de seus familiares.

País que mais mata transexuais

Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) o Brasil é o país que mais mata travestir e transexuais em todo o mundo. De acordo com um dossiê da instituição, 124 pessoas trans foram assassinadas em 2019. O México, que está em segundo lugar no ranking global, reportou metade do número de homicídios.

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