Mercado

Bovespa fecha com queda de 14,78% e dólar atinge marca histórica

O real despencou em relação ao dólar, chegando a ser negociado pela primeira vez a 5 reais

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 12/03/2020 às 19:09 | Atualizado em 12/03/2020 às 21:34
Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP
Mercado mundial opera em baixa. Entenda por que o coronavírus mexe na economia - FOTO: Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP

A Bolsa de São Paulo fechou com queda de 14,78%, arrastada pelo pânico mundial provocado pela pandemia de coronavírus, depois de ter suspendido duas vezes suas operações na parte da manhã.

O índice Ibovespa fechou a 72.582 unidades, seu pior nível desde o final de junho de 2018. A queda, de 14,78%, é a sétima em ordem de importância na história da principal praça da América Latina.

>> Governo não vai interferir para controlar preço do petróleo, diz Bolsonaro

>> Dólar alto pode afetar preço de massas, carnes e eletrônicos

>> Entenda as causas da queda das bolsas de valores no mundo

A primeira paralisação foi às 10h22, quando o Ibovespa caía 11,65%.

Às 13h15, o índice Ibovespa perdia 17,56%, a 70.211 pontos, seu menor nível desde junho de 2018.

No momento da segunda suspensão nesta quinta, às 11h12, o índice Ibovespa perdia 15,43%, a 72.016 pontos.

Em 23 de janeiro, o Ibovespa encerrou o pregão com um recorde histórico de 119.527 pontos. Desde então, perdeu 40%.

Entre as empresas mais afetadas estão as exportadoras de matérias-primas, as cadeias de distribuição varejistas e as companhias aéreas, na linha de frente da crise sanitária que desacelerou a economia mundial.

As ações preferenciais da Petrobras caíam mais de 20%. As companhias aéreas Gol e Azul perdiam em torno de 27%.

O real despencou em relação ao dólar, chegando a ser negociado pela primeira vez a 5 reais, antes que as intervenções do Banco Central controlassem a disparada a 4,86 reais.

O dólar ultrapassou a barreira dos 4,30 reais pela primeira vez em 7 de fevereiro e, desde então, não parou de cair.

A crise do coronavírus se acelerou nas últimas horas com medidas como a proibição por 30 dias de entrada nos Estados Unidos para viajantes procedentes da Europa.

O presidente Donald Trump anunciou ontem essa e outras iniciativas para combater o coronavírus, incluindo cortes de impostos, mas suas palavras não convenceram os mercados.

Até o momento, o Brasil registrou 60 casos confirmados do novo coronavírus e cerca de 900 suspeitos, sem nenhuma morte.

E nesta quinta-feira foi informado que o secretário de Comunicação do presidente Jair Bolsonaro, Fábio Wanjgarten, testou positivo para o novo coronavírus, depois de participar de uma viagem oficial aos Estados Unidos e compartilhar reuniões com o presidente americano, Donald Trump.

É a quarta vez na semana que a Bovespa suspende suas operações: na segunda, na quarta e nessa quinta-feira, em aplicação do mecanismo de "Circuit breaker", que bloqueia as negociações por meia hora quando a queda atinge 10%.

É também a quarta vez desde a adoção desse mecanismo que ocorre uma suspensão de uma hora, quando as ações caem mais de 15%. As precedentes datam de 1997 e 1998, durante a crise da dívida russa e outubro de 2008, após a falência do Lehman Brothers em meio à crise econômica e financeira global.

Se a queda atingir 20%, a suspensão seria indefinida.

A crise sanitária levou o governo brasileiro a reduzir na quarta-feira sua previsão de crescimento para 2020, de 2,4% para 2,1%.

Essa perspectiva é mais otimista do que a dos mercados, que reduziram suas expectativas para 1,99%, assim como dos grupos financeiros, que já trabalham com uma projeção de crescimento do PIB brasileiro inferior a 1,5% para este ano.

Coronavírus pelo mundo

Comentários

Últimas notícias