CRIANÇAS

Como lidar com filhos em casa durante quarentena do coronavírus?

Em todo o país, milhares de crianças e adolescentes estão com as aulas suspensas como medida de frear novo coronavírus

Agência Brasil
Cadastrado por
Agência Brasil
Publicado em 26/03/2020 às 8:30 | Atualizado em 26/03/2020 às 8:31
PIXABAY
Escolas que atendem turmas de educação infantil foram autorizadas a reabrir para aula presencial, em Pernambuco, em 24 de novembro - FOTO: PIXABAY

Em todo o país, milhares de crianças e adolescentes estão com as aulas suspensas como medida de frear novo coronavírus. Alguns, rapidamente tiveram a sala de aula substituída por ambientes virtuais, outros, receberam orientações desencontradas e ainda estão se ajustando à nova rotina. Há ainda quem não foi orientado pela escola e teme não conseguir fazer exercícios online por conta da baixa qualidade da internet em casa.

A Agência Brasil conversou com mães que contam como estão lidando com o fechamento das escolas e com as medidas de isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus (covid-19).

Apenas um dia foi o tempo necessário para que a escola particular em Brasília onde estuda Maria Giulia, 11 anos, passasse a oferecer aulas remotas aos estudantes. A instituição, que já utilizava plataformas online para desenvolver exercícios com os alunos transferiu todo o ensino para o ambiente digital. “As aulas incluem quase todas as matérias, até teatro e educação física, que ela vai ter hoje. Eles filmam o que fazem e enviam para o professor. Eles conseguem ver os vídeos uns dos outros e se divertem”, diz a mãe de Maria Giulia, a juíza federal Katia Balbino.

Katia também está trabalhando em casa, em um computador na frente do da filha. Dessa forma, consegue acompanhar mais de perto o aprendizado dela. A mãe está orgulhosa da filha e satisfeita com a escola. Ela conta que os professores têm falado com os alunos sobre a situação do país e têm mostrado também empatia, dizendo que estão com saudades dos estudantes. Tudo isso, sem deixar o rigor de lado, passando uma série de atividades para serem desenvolvidas em casa.

A escola também incentiva a comunicação entre os próprios estudantes. “Eles têm parceiros que revisam o trabalho um do outro. Você faz o trabalho, entra em contato com um colega e manda o seu trabalho. Isso gera interação entre eles”, diz Katia.

“Uma coisa que eu estou gostando é que a gente continua se comunicando com professores e pode ver o rosto dos amigos [o que a plataforma usada permite] sem ninguém se contagiar”, diz, Maria Giulia. “Sabemos que pertencemos a um grupo de privilegiados, que essa não é a realidade da população, mas sabemos também que têm muitas escolas que estão preparadas e que estão dando conta dos alunos”, complementa Katia.

Quadro de tarefas

Já a escola de Maria Luísa, 15 anos, e João Rodrigo, 10 anos, também particular, em Brasília, não estava tão preparada para uma transição tão rápida. “As diretrizes que foram passadas pela coordenação acabaram se atropelando e sendo contraditórias em um primeiro momento. Uma hora passaram atividades acadêmicas para fazer em casa, depois disseram ‘agora vamos ter vídeo aulas’. A gente vê que, não só a escola dos meus filhos, mas várias instituições não têm preparo para uma realidade como essa”, diz a advogada e professora universitária Susana Spencer.

O Distrito Federal está com as aulas suspensas desde o dia 12 de março. A primeira semana, segundo Susana, foi de adequação. Em casa, ela diz que não exigiu muito dos filhos. “Deixei eles bem à vontade, como se fossem férias”. Mas, desde o último final de semana, eles passaram a ter uma rotina diária registrada em um quadro de tarefas, que além das atividades escolares prevê também atividades domésticas. “Tenho colocado para eles essa ideia da família, de atuar em prol do grupo. Não pode sobrar para ninguém, se sobrar para mim, por exemplo, eu fico sobrecarregada e outras pessoas não”, diz.

Segundo Susana, eles estão aprendendo juntos com a convivência e conversando bastante sobre o momento que estão vivendo. Uma das preocupações de João, no entanto, é perder o ano letivo. “Falo que é mais importante se manter saudável do que propriamente o aprendizado. Se ele ficar falho agora, em algum momento, vai ter reposição disso. Não quero trazer mais preocupação diante desse cenário que por si só já é preocupante”.

Sem aulas a distância

No Rio de Janeiro, Júlia, 8 anos, que estuda no Colégio Pedro II, e Caio, 15 anos, que estuda no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti não estão tendo disciplinas online. O Colégio Pedro II, que é de administração federal, optou por suspender as aulas e explicou, em nota, que decidiu não dar aulas a distância porque não são todos os estudantes que possuem em seus lares acesso a computadores e à internet e que não é possível garantir que o trabalho docente remoto substituirá a necessidade de reposição das aulas, entre outros motivos.

A própria Júlia está entre esses estudantes que não possuem computador. Ela só tem acesso a celular dentro de casa e a rede de internet é dividida com a vizinha.

Caio, em breve deverá começar a ter aulas online. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) anunciou que vai disponibilizar, já a partir da próxima segunda-feira (30), aulas no formato, graças a convênio firmado com o Google, na plataforma Google Classroom.

“Na minha opinião, acho que nada melhor que aula presencial porque as crianças estão ali, interagindo com os outros alunos, tirando dúvidas com o professor. Acho que aulas online não serão 100% não, mas se for o caso de suspensão longa, é melhor ter essa aula, senão vai impactar muito a vida escolar”, diz a diarista Alessandra Santos, mãe de ambos.

A maior preocupação de Alessandra é, no entanto, alimentar a família. Com todos em casa, a fome também aumenta e o consumo de alimentos. Ela, que recebe por dia trabalhado, está sem serviço por conta do isolamento social. No mercado, ela já observa uma escalada de preço. “A gente vai revezando, um dia frango, um dia ovo mexido, ovo com legumes, para coisas durarem. Não sei o que vou fazer com todo mundo em casa e tendo todas as refeições: café, almoço e jantar”, diz.

No Brasil, há suspensão de aulas em todos os estados. A medida não é exclusiva do país, no mundo, de acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora os impactos da pandemia na educação, 156 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando 1,4 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 82,5% de todos os estudantes no mundo.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Confira o mapa de casos

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

Comentários

Últimas notícias