O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vai pedir desculpas por sua fala durante entrevista coletiva no último sábado (28). Mandetta fez crítica à imprensa, mandou a população desligar a televisão, disse que "os meios de comunicação são sórdidos" e que focam nas notícias ruins para vender jornal na crise do novo coronavírus. A informação do pedido de desculpas foi veiculada pela colunista da Rádio Jornal Eliante Cantanhêde, durante participação no programa Passando a Limpo. Segundo Eliane, Mandetta disse que sua fala ocorreu num momento de estresse e tensão.
"Desliguem um pouco a televisão. Às vezes ela é tóxica demais. Há quantidade de informações e, às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque eles só vendem se a matéria for ruim. Nunca vai ter que as pessoas estão sorrindo na rua. Senão, ninguém compra o jornal", afirmou. "Todo mundo tem que se preparar, inclusive a imprensa. Se não for assim, vai trazer mais estresse à população", disse o ministro em coletiva.
A fala gerou indignação em vários setores da imprensa. O presidente da Associação Nacional dos Jornais, Marcelo Rech, emitiu nota criticando a posição de Mandetta. "Como presidente da ANJ, venho lamentar a injusta e equivocada referência aos jornais brasileiros expressa na sua entrevista deste sábado. Jornais, como médicos, não são imunes a erros. Mas, assim como os médicos, não vivemos de equívocos nem de notícias ruins, como vossa excelência mencionou em sua fala, que desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde", afirmou Marcelo Rech.
Em editorial, o Grupo Globo também fez fortes críticas ao ministro. No Jornal Nacional do último sábado (28), a jornalista Ana Paula Araújo leu o posicionamento da TV Globo. "O ministro da Saúde encontrou uma outra maneira de agradar o presidente: criticou o trabalho da imprensa, afirmando que os meios de comunicação são sórdidos, porque, na visão dele, só vendem se a matéria for ruim. Na pandemia de um vírus letal, contra o qual não há medicamento ou vacina, é estarrecedor que ele não reconheça que o nosso trabalho, o trabalho de todos os colegas jornalistas — daqui da Globo, mas também de todos os veículos — é um remédio poderoso: dar informação para que o povo possa se proteger. Há muitos trabalhos essenciais — o dos médicos, enfermeiros em primeiro lugar. Mas nós, jornalistas, estamos nas redações e nas ruas arriscando nossa saúde para cumprir nossa missão. E fazemos isso com orgulho", dizia o texto.
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