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Estudo recente sobre a cloroquina tem novas críticas

A comunidade científica mundial trabalha contra o relógio para encontrar um produto que contenha a pandemia

AFP
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Publicado em 10/04/2020 às 14:50 | Atualizado em 10/04/2020 às 14:50
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O Conselho Federal de Medicina publicou nota técnica permitindo a prescrição do medicamento mesmo em casos leves da doença, com as ressalvas dos riscos - FOTO: PIXABAY

A equipe do médico francês Didier Raoult, defensor fervoroso da hidroxicloroquina no tratamento do COVID-19, apresentou um novo estudo destacando as vantagens do medicamento, mas a metodologia utilizada foi novamente criticada pela comunidade científica nesta sexta-feira (10).

A hidroxicloroquina, um derivado da cloroquina usada no tratamento da malária, "associada" ao antibiótico azitromicina e "administrada imediatamente após o diagnóstico, é um tratamento seguro e eficaz contra a COVID-19", conclui o resumo deste novo estudo.

O relatório foi apresentado na quinta-feira ao presidente francês, Emmanuel Macron, que fez uma visita surpresa em Marselha (sudeste) ao já famoso médico Raoult, especialista em doenças infecciosas.

Atualmente, não há vacina ou tratamento contra a COVID-19 e a comunidade científica mundial trabalha contra o relógio para encontrar um produto que contenha a pandemia. A possibilidade de expandir o uso da hidroxicloroquina tornou-se parte do debate global.

No último estudo de Raoult, 1.061 pacientes que apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus receberam o tratamento proposto por "pelo menos três dias". Após dez dias, nove em cada dez tinham carga viral zero, ou seja, nenhum sinal da doença. Cinco pacientes (0,5%), entre 74 e 95 anos, morreram.

Essa porcentagem é "significativamente menor" do que entre os "pacientes tratados por outros métodos", afirma o resumo, acrescentando que "nenhuma toxicidade cardíaca foi observada". O estudo completo ainda não foi publicado.

Raoult já havia publicado estudos sobre a eficácia da hidroxicloroquina, mas muitos de seus colegas o criticaram por trabalhar com um pequeno número de pacientes. Nesta ocasião, muitos cientistas elogiaram o tamanho da amostra, mas afirmaram que a metodologia não permite concluir que o tratamento "evita o agravamento dos sintomas, a persistência do vírus e o grau de contágio na maioria dos casos", como sustentam suas conclusões.

"Infelizmente, na ausência de um grupo comparativo" que receberia um placebo", é extremamente difícil saber se o tratamento é ou não eficaz", explicou Arnaud Fontanet, epidemiologista do prestigioso Instituto Pasteur e membro do Conselho Científico sobre a COVID-19 da França.

"Esses resultados são nulos e sem efeitos, não nos ensinam nada sobre a eficácia do tratamento", lamenta a epidemiologista Catherine Hill, que também destaca que pelo menos 85% dos pacientes curam espontaneamente a doença, sem nenhum tratamento.

Paralelamente, a Agência Francesa de Medicamentos alertou nesta sexta-feira que os efeitos indesejáveis do ponto de vista cardíaco detectados entre os pacientes com COVID-19 tratados com hidroxicloroquina eram um "sinal de vigilância significativo".

"Os pacientes com covid-19 são mais frágeis do ponto de vista cardiovascular e, portanto, são mais suscetíveis do que outras pessoas a ter problemas com medicamentos prejudiciais ao coração", como a hidroxicloroquina, disse à AFP Dominique Martin, diretor-geral da Agência.

Alguns países já apostam na hidroxicloroquina: no Senegal, foi prescrita à metade dos pacientes hospitalizados, a Grécia reiniciou sua produção, o Marrocos quer usá-la para "casos confirmados" e a Argélia para "casos graves". Na França, duas petições reuniram, cada uma, mais de 300.000 assinaturas a favor da ampliação de sua prescrição.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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