O médico sanitarista e epidemiologista pernambucano Jarbas Barbosa esclareceu a diferença do cenário atual da pandemia do novo coronavírus ao redor do mundo em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, do Sistema Jornal do Commercio, na manhã desta segunda-feira (27). O especialista explicou que, atualmente, o quadro da pandemia na América Latina é similar ao da Europa há um mês, que era similar ao da Ásia há dois meses.
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"É a própria cronologia da pandemia, que começou na Ásia, chega na Europa, depois na América do Norte e depois na [América] Latina. É como se a América Latina fosse o que a Europa era um mês atras, que era o que a China era há dois meses", disse o diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional nas Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), agência especializada em saúde pública da Organização das Nações Unidas (ONU).
Vários países da Europa registraram números de mortos mais baixos em várias semanas pela pandemia do novo coronavírus nesse domingo (26), que já provocou mais de 200 mil mortes e três milhões de contágios no mundo. Nas últimas 24 horas, a França registrou 242 novos óbitos, elevando o total a mais de 22.800; a Itália teve 260 (mais de 26.600); o Reino Unido, 413 (mais de 20.700), e a Espanha, 288, fazendo o total se aproximar dos 23.200.
Com estes dados positivos, vários países começaram a abrandar as medidas de confinamento às quais está submetida metade da população mundial, como a Espanha, que a partir deste domingo liberou as crianças - trancadas em casa há seis semanas - a passear e brincar nas ruas.
No entanto, o especialista defende que cada país precisa analisar sua realidade para decidir quais medidas serão tomadas, como o afrouxamento ou não da quarentena. "É preciso ter muito cuidado. Venho chamando atenção do Ministério da Saúde para olhar sua realidade. Na Europa [a pandemia] está passando, mas está passando lá. Dentro de cada país ainda tem diferenças entre estados", analisou Jarbas.
Flexibilização da quarentena
Para Jarbas Barbosa, a saída da quarentena, assim como a entrada, deve ser feita de maneira gradual e planejada. "Se você abre de uma vez (a quarentena) você pode sim ter uma segunda onda [de contaminações] igual ou pior que a primeira. Por isso é importante planejar a entrada na quarentena, saber qual serviço pode funcionar e qual não, e a saída também tem que ser planejada, porque você tem que ter certeza que a curva [de casos] diminuiu mesmo".
Por exemplo: "você prevê que daqui a duas ou três semanas já pode começar esse ou aquele serviço, [então] espera duas semanas, o tempo de incubação, pra ver se a curva fica mais comportada. Se começar de novo a transmitir, é mais fácil recuar um passo, somente, sem ter um impacto muito grande na sociedade", explicou Jarbas.
Segundo o médico, a América Latina ainda apresenta crescimento de contaminação da covid-19, e nenhum dos países chegaram no pico da doença. "A América Latina vive em um momento de crescimento ainda, nenhum país cresceu, chegou no pico e diminuiu de maneira consistente".
Casos na América Latina
O Brasil, país maís mais afetado pela covid-19 na região, registrou até as 16h deste domingo 61.888 casos e 4.205 mortes. E no Equador, o segundo país mais afetado pela pandemia na América Latina, com 22.719 casos e 576 mortos, o presidente Lenín Moreno alertou no sábado que a emergência sanitária "não terminou".
A Argentina, por sua vez, que registrou 185 mortos pela epidemia, anunciou no sábado uma flexibilização da quarentena para cidades com menos de 500.000 habitantes e a possibilidade de sair uma hora por dia para todas as pessoas.
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O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
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