COVID-19

Brasil pode chegar a 1 mil mortos por dia pelo coronavírus, reconhece ministro da Saúde

O número de mortos pelo novo coronavírus beira os 6 mil no País

Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 30/04/2020 às 23:30 | Atualizado em 30/04/2020 às 23:48
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O ministro da Saúde, Nelson Teich - FOTO: REPRODUÇÃO

O ministro da Saúde, Nelson Teich, reconheceu pela primeira vez desde que assumiu a pasta que o número de mortos pelo novo coronavírus pode chegar a 1 mil por dia. A declaração aconteceu nesta quinta-feira (30). O ministro também disse que a diretriz do governo para orientar a flexibilização das medidas de distanciamento social está pronta, contudo, Teich teme uma possível "polarização" política.

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"Em relação a um possível número de mortes, hoje a gente está perto de 500 mortes, 400. O número de 1.000, se estivermos num movimento, num crescimento significativo da pandemia, é um número que é possível acontecer. Não quer dizer que vai acontecer. A gente tem que acompanhar a cada dia para ver o que está acontecendo para tomar as decisões", disse Teich.

Mortes contabilizadas pelo novo coronavírus

Nesta quinta, o Ministério da Saúde contabilizou 5.901 mortes causadas pelo novo coronavírus no País. Os maiores números de mortes pela covid-19 foram registrados nos últimos três dias (474 na terça, 449 na quarta e 435 nesta quinta-feira).

Flexibilização do isolamento social

Nelson Teich explicou que a diretriz para a flexibilização do isolamento social está pronta, porém vai ser apresentada para discussão primeiramente a "governos e cidades", antes de serem colocadas "na mídia". O ministro destacou ainda que, mesmo havendo uma flexibilização no futuro, recuos poderão ser feitos. Tudo vai depender das consequências e o tema, de acordo com Teich, não pode se tornar uma "guerra".

"Pode ser que você tenha que voltar atrás, retomar o mesmo nível de distanciamento anterior. Mas tem que ser feito com absoluta serenidade, porque se não vai abrir uma guerra, e não pode ser tratado desse jeito", complementou.

Agora, depois que a flexibilização for apresentada aos "governadores e municípios", Teich receia que ela seja alvo de "polarização", sendo transformada em "ferramenta da discórdia". "A nossa grande preocupação é como a gente veicular isso de forma que não se torne uma ferramenta de discórdia mais que um auxílio à população", disse.

Ainda na coletiva, o ministro da Saúde informou que estava preocupado com a polarização política em torno de uma adoção ou não de medidas de distanciamento social. A afirmação foi feita depois de ele ter sido indagado se o Ministério da Saúde alteraria as orientações para o distanciamento social, diante do número de mortos pela covid-19, que beira os 6 mil, ou se adotaria uma política alinhada do presidente Bolsonaro, que é a favor da redução dessas medidas.

O número de mortes adicional é muito triste. Mas não é porque eu tenho uma alteração nesse número de mortes. A política não é em função disso. Temos uma definição clara: o distanciamento permanece como orientação. O que eu acho importante é que eu vejo isso mais como uma discussão política do que como uma discussão social. A gente precisa parar pra entender o que isso representa pra sociedade e não ficar polarizando pra dizer se é bom ou ruim
Nelson Teich - Ministro da Saúde

Mesmo prometendo a divulgação da diretriz para essa semana, Teich não informou data. Ele disse que não vai haver nada "milagroso" nela e que a norma vai ser composta por medidas já tomadas em outros países. Por enquanto, Teich disse que não planeja "flexibilizar" as regras de distanciamento neste momento. Para isso acontecer, segundo o ministro, vários critérios precisam ser atendidos, entre eles, a curva de casos tem que se tornar decrescente.

"Estamos trabalhando a parte de testes, a gente está melhorando a infraestrutura, acompanhando a evolução dos casos, tentando buscar um ponto de inflexão da curva. O dia que todos esses critérios estiverem preenchidos, a gente vai estar, dentro da diretriz, dando um 'ok' para que se possa fazer uma tentativa de flexibilizar. Ninguém está pensando em flexibilizar nada. A gente só está desenhando um projeto, uma diretriz", disse.

O ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que foi apresentado como assessor na entrevista coletiva da pasta, Denizar Vianna, informou que a diretriz vai servir para o processo decisório dos gestores locais, como um tipo de mapeamento de riscos. Assuntos como recursos humanos, evolução da curva e leitos de UTI também são considerados, destacou ele, preocupado que a divulgação dessa diretriz possa passar a mensagem de que a Saúde está incentivando a flexibilização do distanciamento social. "Nesse momento em que temos os grandes centros urbanos brasileiros ainda numa fase de ascensão da curva, não é adequada de se colocar isso"

Leitos

Nelson Teich divulgou na coletiva que, até à próxima segunda-feira (04), 184 leitos serão habilitados no Amazonas, 175 em Santa Catarina e 27 em Alagoas. Além disso, o ministro disse ainda que R$ 482 milhões de emendas de bancada parlamentar vão ser distribuídos em nove Estados brasileiros. O Amazonas, onde Manaus vive situação de colapso, vai receber R$ 116 milhões, de acordo com Teich. A cidade vai receber ainda 581 profissionais de saúde, no domingo (03), para garantir o funcionamento das UTIs abertas no município. Eles são do banco de recursos humanos que é gerenciado pelo Ministério da Saúde, que dá capacitação em covid-19 para as 14 categorias da área da saúde. Atualmente, dos 902.207 profissionais de saúde cadastrados nesse banco de talentos, 396.418 estão dispostos a trabalhar no enfrentamento ao novo coronavírus, segundo a pasta.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

Citação

O número de mortes adicional é muito triste. Mas não é porque eu tenho uma alteração nesse número de mortes. A política não é em função disso. Temos uma definiç&ati

Nelson Teich - Ministro da Saúde

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