À medida que o novo coronavírus avança no Brasil, exemplos de solidariedade também crescem e dão uma ponta de esperança aos que menos têm condições de se manter no isolamento social. Na área rural do município de Garuva, em Santa Catarina, a diretora da Escola Municipal Maria Martins Budal, Cleusa Regina de Vargas, de 60 anos, mostra que, em tempos de pandemia, um gesto singelo pode fazer a diferença. Ela percebeu que alunos carentes da instituição estavam encontrando dificuldades para realizar as atividades escolares e decidiu, por conta própria, ir até as residências desses estudantes entregar o material escolar, a pé e caminhando 40 minutos na lateral da BR-101.
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Segundo a dona de casa Dara Lúcia Franco, mãe do pequeno Gabriel, de 6 anos, relatou que, devido ao sinal de internet na região não ser bom, o pequeno estudante não conseguia receber as atividades enviadas. "As professoras até tentavam nos enviar tarefas pelo WhatsApp, mas o sinal aqui é muito ruim e os arquivos não abriam", contou.
A diretora da escola também notou que os responsáveis pelos estudantes não entravam em contato para falar sobre o 'kit merenda', dado aos estudantes. "Era algo simbólico, com uma caixa de leite, um litro de óleo e algumas coisinhas para eles comerem em casa, mas eu sabia que aquilo fazia a diferença neste momento de tanto desemprego", disse.
Ao perceber a falta de contato dos pais, Cleusa foi até a casa dos estudantes para entender a situação. "Descobri que eles não tinham internet para receber as informações e atividades que enviávamos, e me comprometi a entregar tudo pessoalmente uma vez por semana", contou. Inicialmente, a ida até os locais era feita com o marido, que a levava de carro. No entanto, esse percurso, mesmo sendo perigoso, passou a ser feito a pé.
"Meu marido precisa do nosso carro e eu não tenho ajuda de custos para conseguir outro transporte, então saio da escola pela manhã e ando pela lateral da BR-101 até a Vila das Pedras, onde esses alunos residem", relatou. Apesar de precisar caminhar próximo aos veículos que trafegam em alta velocidade na rodovia, Cleusa definiu a sensação de poder ajudar os alunos como 'gratificante'. "Elas (as crianças) me mandam beijo, me chamam de 'dire' e sempre dizem que estão com saudade da escola, o que me emociona", afirmou a diretora.
A ida até as residências permite também a diretora ouvir as mães, que estão passando por dificuldades devido a pandemia. "Converso com elas, ouço suas angústias e fico muito triste pela situação que estão passando (...) eles perderam o emprego que tinham nas fábricas da cidade, não têm como manter a casa e logo terão a água e luz cortadas", disse.
Cleusa afirmou que continuará o que está fazendo durante a pandemia do coronavírus. "Isso já faz parte de mim", completou.
*as informações são do portal Sempre Família, da Gazeta do Povo
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