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O Fato É#43: "A comunicação do governo é doida", diz o professor Fernando Beltrão sobre a polêmica do Enem

O professor de biologia Fernando Beltrão, um dos mais conhecidos profissionais da educação no Recife e que trabalha há 40 anos preparando os meninos para o vestibular, fala ao podcast O Fato É

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 15/05/2020 às 17:44 | Atualizado em 15/05/2020 às 17:44
Sérgio Bernardo / Acervo JC Imagem
Professor Fernando Beltrão passou a adaptar as gravações e formato de entrega das aulas online - FOTO: Sérgio Bernardo / Acervo JC Imagem

A maior pandemia já registrada em pelo menos um século desestabilizou o governo Bolsonaro em várias frentes, inclusive na Educação. O ministro responsável pela pasta, Abraham Weintraub, se recusa a ouvir a voz de professores, escolas e alunos em relação à necessidade de adiamento da prova do Enem.

No podcast O Fato É #43, o professor de biologia Fernando Beltrão, um dos mais conhecidos profissionais da educação no Recife e que trabalha há 40 anos preparando os meninos para o vestibular, resume a questão. Para ele, a comunicação do governo é "desastrosa", sofrível" e "doida". Ele diz aos jornalistas Thiago Wagner e Leonardo Spinelli que, se fosse apostar, já sabe: o Enem vai ser adiado.

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"O maior dos problemas desse governo, o mais grave de todos, é a comunicação. É desastrosa, é horrorosa. No Ministério da Educação ela é sofrível", diz o professor. Beltrão lembra que o presidente Jair Bolsonaro já deu declarações durante a semana de que poderá adiar a data das provas. "As provas do Enem e o vestibular seriado serão adiados", vaticina.

A grande questão desse momento é ficar em casa e escutar a ciência e os médicos
Fernando Beltrão, professor

Para resolver mais essa polêmica, diz o professor, o governo deveria se comunicar melhor e dá dica de como seria. "Eles deveriam dizer que a inscrição tem que ser feita agora, porque tem que fazer licitações para contratar uma gráfica e que, se a prova for rodada em setembro e só puder aplicá-la em janeiro ou dezembro, fica pra depois. Tem que ter licitações, documentos, protocolos, a parte burocrática, a inscrição, pode ser feita agora. A grande questão desse momento é ficar em casa e escutar a ciência e os médicos", declarou.

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<aspas>O ministério deveria ser o primeiro a construir caminhos para apoiar os estudantes e escolas, mas, infelizmente, não é o que vem acontecendo<aspas>, diz o secretário de Educação, Fred Amâncio - DIVULGAÇÃO

Outro convidado do programa é o secretário da Educação de Pernambuco, Fred Amâncio. Para ele, o Ministério da Educação está perdendo uma oportunidade de assumir um papel de liderança e construir caminhos para apoiar estudantes e escolas neste momento difícil pelo qual passa a humanidade. "O ministério deveria ser o primeiro a construir caminhos para apoiar os estudantes e escolas, mas, infelizmente, não é o que vem acontecendo", diz.

Defender a manutenção da maior prova do Brasil, como se nada estivesse acontecendo, como se o mundo todo não tivesse declarado calamidade, é absurdo na minha opinião
Maria Clara Góes, estudante

Para Fred Amâncio a definição de uma nova data para o Enem vai acontecer pela pressão da sociedade e essa decisão deveria ser tomada logo para acabar com a angústia que estão vivendo os estudantes por causa da indefinição.

Esse tormento pelo qual passam os feras este ano é resumido pelas estudantes Ágatha Moreira e Maria Clara Góes, que também dão a sua opinião no episódio do podcast O Fato É desta semana. "O MEC e o Inep têm que encarar a realidade de que o sistema de saúde entrou em colapso e que as coisas não estão normais. As escolas suspenderam o calendário acadêmico desse ano... Defender a manutenção da maior prova do Brasil, como se nada estivesse acontecendo, como se o mundo todo não tivesse declarado calamidade, é absurdo na minha opinião", observou Maria Clara.

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A grande questão desse momento é ficar em casa e escutar a ciência e os médicos

Fernando Beltrão, professor
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Defender a manutenção da maior prova do Brasil, como se nada estivesse acontecendo, como se o mundo todo não tivesse declarado calamidade, é absurdo na minha opinião

Maria Clara Góes, estudante

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