A nuvem de gafanhotos que invadiu o Paraguai e adentrou o território argentino no dia 17 de junho está sendo monitorada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A nuvem se encontra próximo à fronteira com o Brasil e, segundo o monitoramento climático que vem sendo realizado por especialistas argentinos, deve seguir em direção ao Uruguai.
>> Nuvem de gafanhotos se aproxima do Brasil em meio à pandemia de coronavírus
>> Saiba o que é a "nuvem de poeira Godzilla", que está vindo para as américas
Por causa da proximidade com a região fronteiriça do Brasil, o ministério emitiu um alerta para as Superintendências Federais de Agricultura para o monitoramento e orientação aos agricultores da região, especial no estado do Rio Grande do Sul, para adoção de controle de praga caso esta nuvem ingresse em território brasileiro.
De acordo com o Mapa, a praga está presente no Brasil desde o século XIX e causou grandes perdas às lavouras de arroz na região sul do País nas décadas de 1930 e 1940. Desde então, tem permanecido na fase "isolada", que não causa danos às lavouras, pois não forma as chamadas "nuvens de gafanhotos", mas voltou a causar danos à agricultura na América do Sul, em sua fase gregária (formação de nuvens).
#Alerta #Langosta ??????#SantaFe
— Senasa Argentina (@SenasaAR) June 18, 2020
Como habíamos pronosticado, la manga de langostas ingresó a la provincia en el día de hoy y luego de desplazarse casi 140 km se asentó en cercanías de la localidad de Lanteri. pic.twitter.com/YHPHSEN8H5
"Eles comem tudo"
Em entrevista ao programa Passando a Limpo desta quinta-feira (25), Doraclécio Lins e Silva, que é médico veterinário, comentou sobre a possibilidade da nuvem de gafanhotos, que originou-se no Paraguai, chega ao Brasil. “[A distância de] 130 km para uma nuvem de gafanhoto é como se fosse sair do Recife para Olinda; [é] muito próximo. Para você ter uma ideia, teve uma nuvem de gafanhotos no Mediterrâneo, na Ilha de Chipre. Essa mesma nuvem saiu e invadiu as Ilhas Canárias, na Espanha, e entrou na África. Foi até a Mauritânia, que fica no Norte da África. Eles se deslocam numa velocidade muito grande”, disse Doralécio.
De acordo com ele, é possível até que a praga chegue ao Nordeste. “O problema é que na hora que começa a entrar em Minas [Gerais], chegando já no Nordeste, não tem agricultura para eles comerem. A não ser no oeste da Bahia. Se eles chegarem, os plantadores de soja, de feijão, esse pessoal vai ficar muito preocupado. Porque, no Nordeste, na caatinga, eles não vão ter ambiente para isso. Agora lembrem-se que é um animal que sobrevive nos desertos africanos, então ele come absolutamente tudo."
Nuvem de poeira se aproxima das américas
Há dias, parte do Oceano Atlântico está sendo encoberta por uma gigantesca nuvem marrom e densa. Imagens capturadas por satélites mostram que é possível ver a nuvem, que esconde os tradicionais tons de azul e branco, sai da África e vai em direção ao Caribe. O fenômeno, chamado por alguns especialistas de "nuvem de poeira Godzilla", trata-se de uma nuvem de ar do Saara.
Segundo especialistas, o fenômeno é comum, mas, neste ano, está acontecendo de forma mais densa. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, em inglês), a nuvem, que já provoca efeitos no Caribe, deve se mover rumo ao oeste pelo Mar do Caribe em direção às áreas do norte da América do Sul, América Central e da Costa do Golfo dos Estados Unidos. O fenômeno já percorreu mais de cinco mil quilômetros desde que foi observado há uma semana na área oeste da África.
A recomendação é que as pessoas usem máscaras e evitem ao máximo realizar atividades ao ar livre. Além disso, os navios foram alertados sobre a baixa visibilidade.
O fenômeno pode afetar a pele e os pulmões porque o ar seco com poeira tem cerca de 50% menos umidade, e também pode ser nocivo às pessoas que têm problemas respiratórios, causando alergias e irritações nos olhos.
Comentários