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Quatro projetos que estão combatendo a desinformação no Nordeste

Iniciativas exploram diferentes mídias e formatos para trazer informação qualificada a consumidores de notícias nas redes sociais

Débora Oliveira
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Débora Oliveira
Publicado em 08/06/2020 às 10:27 | Atualizado em 10/12/2020 às 15:25
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O estudante Maurício Lima, 22, mostra o ranking com os melhores jogadores do Desafio Covid - FOTO: Reprodução | Arquivo pessoal

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Matéria produzida pelo projeto Confere.ai em parceria com o Jornal do Commercio. - Confere.ai

Três meses depois do primeiro caso de COVID-19 reportado no Nordeste, já são 240.553 pessoas infectadas, na segunda região mais afetada do país. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde. No período, já foram disseminados toda sorte de boatos sobre o fim da pandemia, curas milagrosas e formas de prevenção inverídicas. Uma tendência potencializada pela grande quantidade de informações produzidas sobre o novo coronavírus em todo mundo.

A Rede Internacional de Fact-checking (IFCN) une esforços com 88 organizações de checagem em mais de 70 países no mundo. O material gerado já ultrapassa a marca de 6.600 checagens. No Brasil, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) conduz uma aliança entre diversos veículos de comunicação para combater as “notícias falsas” a nível nacional por meio do Projeto Comprova, do qual o JC faz parte.

No Recife, em Salvador e no estado da Paraíba, iniciativas independentes se uniram à batalha contra a desinformação e utilizam a criatividade para alcançar desde os mais jovens aos idosos, por meio das mídias mais populares. Conheça os projetos a seguir. 

Desafio Covid: ganhe pontos por acertar questões sobre o coronavírus

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O estudante Maurício Lima, 22, mostra o ranking com os melhores jogadores do Desafio Covid - Reprodução | Arquivo pessoal

Pensando em entregar informações oficiais sobre o novo coronavírus de forma descontraída, os estudantes Maurício Lima e Davi Pradines desenvolveram o Desafio Covid. O jogo web possui três tipos de quizzes sobre os temas mais quentes da pandemia. Os melhores jogadores aparecem em um ranking. Segundo Davi, designer, existiu uma preocupação em democratizar o jogo ao desenvolver o UX, parte do design responsável pela experiência do usuário.

“Toda usabilidade do jogo foi pensada para torná-lo democrático. Você não precisa baixá-lo, não precisa de wi-fi para jogar. Além disso, ele tem o mínimo de cliques possível. O jogador só avança de nível quando acerta as perguntas e, ao acertar, nós mostramos as fontes. Uma coisa das ‘fake news’ é a falta de fontes, então prezamos por isso”, comenta Davi.

A ideia partiu da inquietação de Maurício com o dilúvio de informações, às vezes sem qualidade, compartilhadas sobre a pandemia. “A gente percebeu que as informações geradas nesse período estavam trazendo uma parte negativa muito grande, quisemos intervir de alguma maneira”, relata.

Tentando conciliar o desenvolvimento do jogo com seus trabalhos, os estudantes contam que passaram noites em claro e todo recurso financeiro foi independente. A dupla contou com o apoio de uma equipe de quatro pessoas, da saúde, educação, letras e pesquisadores na área de desinformação. Todos contribuíram voluntariamente.

“A ideia da gente é alcançar o máximo de pessoas. Como as crianças estavam sem informação, pois as escolas estavam fechadas na época, sem o EAD, focamos em desenvolver algo que elas fossem capaz de entender e compartilhar. A partir daí, foi se expandindo para um público variado”, conta Davi. Desde o lançamento, em abril, cerca de 7 mil pessoas já completaram o desafio.

Marília de Alcântara, mãe de Cecília, de oito anos, comenta que jogou com a filha e aprendeu junto: “é um jogo bastante informativo, principalmente para a criançada. Muito gostoso de jogar. Até eu aprendi umas coisas como o nome científico do vírus. Estão de parabéns os que tiveram a iniciativa”.

Segundo os desenvolvedores, os usuários têm contribuído com o progresso da iniciativa, sugerindo novas didáticas. Os próximos passos são adicionar novas funções, lançar um novo site, acrescentar perguntas e abordar outros assuntos com o fim da pandemia. Sobre o resultado, o sentimento é de satisfação. “Foi a primeira oportunidade que eu tive de pegar o meu trabalho e contribuir de uma forma ativa para uma questão tão importante. Se a gente conseguir ajudar uma pessoa a se proteger, a se informar e evitar uma contaminação, para mim já é uma resposta incalculável”, completa Davi.

Para acessar o jogo, basta clicar no link: desafiocovid.com.

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