INFLUENZA

Fiocruz detectou infecção por nova variante do vírus influenza A H1N2 no Brasil, diz OMS; vírus tem potencial pandêmico

Mulher de 22 anos, no Paraná, apresentou sintomas gripais. Ela era funcionária de um matadouro de porcos

Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 10/07/2020 às 20:42 | Atualizado em 10/07/2020 às 20:55
PABLO PORCIUNCULA / AFP
A OMS diz ainda que não há, neste momento, qualquer determinação de restrição ao Brasil devido a este caso - FOTO: PABLO PORCIUNCULA / AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alegou em seu site que a Fiocruz detectou um caso de infecção respiratória provocada por uma nova variante do vírus influenza A H1N2 no Brasil. Essa gripe é transmitida de porcos para seres humanos e está entre as que são consideradas com potencial suficiente para provocar uma pandemia.

O caso detectado é de uma mulher de 22 anos, do Paraná. Ela conseguiu se recuperar. Mas todos os casos de influenza A(H1N2)v são comunicados ao órgão, pelo fato desse vírus ser monitorado por ter potencial pandêmico, caso a influenza passe por alguma mutação seja transmitida por contato pessoal. Contudo, a OMS assegura que não existem evidências nesse sentido, até agora.

No mundo inteiro, são conhecidos 26 casos de influenza A(H1N2)v, reportados desde 2005. Dois são no Brasil e o mais recente é este noticiado agora.

Os 26 contágios reportados aconteceram através de contato com porcos. A maioria foi de doença branda. Não existe evidência de contaminação de pessoa para pessoa. A mulher que contraiu a variante no Paraná era funcionária de um matadouro de porcos, em Ibiporã, no Paraná.

A variante do vírus foi detectada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que é referência nacional e para as Américas (OMS) para influenza e o novo coronavírus. O laboratório agora vai investigar amostras suspeitas de covid-19 do Paraná para estudar se alguns dos casos de doença respiratória notificados no Estado são da nova variante de gripe.

Quadro gripal da paciente

Ela apresentou sintomas de gripe no dia 12 de abril, mas procurou atendimento médico no dia 14 daquele mês. No dia 16, foram recolhidas amostras de secreção respiratória, integrando parte de um monitoramento de rotina. Segundo a OMS, a mulher foi tratada com o antiviral oseltamivir, mas não precisou ser hospitalizada e se recuperou.

Ao jornal O Globo, Eurico Arruda, professor titular de virologia da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, contou que esse é mais um caso de vírus pulando diretamente de animais para os humanos. O especialista em vírus respiratórios alega também que é necessário o monitoramento rigoroso e estudos sobre esses patógenos.

"Não há evidência de contágio interpessoal nesse caso. Mas os vírus mudam, como o Sars-CoV-2 nos mostrou e precisamos estar vigilantes e nos antecipar", aconselhou o especialista.

A princípio, um laboratório paranaense identificou um vírus influenza A indeterminado. As amostras foram enviadas em maio para o Rio de Janeiro, para o laboratório da Fiocruz, que é referência nacional para a influenza. No dia 22 de junho, o sequenciamento genético do vírus mostrou que sim, se tratava da influenza A(H1N2)v.

O estudo está em andamento para que o vírus seja caracterizado. Além disso, as autoridades de saúde do Estado começaram investigações em Ibiporã e municípios vizinhos.

Ainda segundo o jornal O Globo, outro funcionário do mesmo matadouro que a mulher trabalhava desenvolveu sintomas respiratórios na mesma época que ela, mas não foi coletada amostra dele na ocasião. Nenhum caso suspeito foi identificado até agora.

De acordo com o informe da OMS, a continuidade do estudo do vírus e a investigação no Paraná, da fonte de contaminação e outros possíveis casos humanos, "poderá informar sobre o risco de transmissão de uma pessoa para outra".

A Organização Mundial da Saúde diz ainda que não há, neste momento, qualquer determinação de restrição ao Brasil devido a este caso. A orientação para evitar a nova variante desse vírus é a mesma que para o novo coronavírus: cuidados com a higienização e muita atenção à etiqueta respiratória.

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