Desabafo

Neguinho da Beija-Flor afirma que vai sair do Brasil, após ter seu neto morto por bala perdida

O sambista desabafou que "negros já nascem suspeitos. Em negro, atiram primeiro para depois saber quem é"

Douglas Hacknen
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Douglas Hacknen
Publicado em 21/10/2020 às 18:53 | Atualizado em 21/10/2020 às 18:53
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Neguinho da Beija-Flor durante enterro do neto - FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O cantor carioca Neguinho da Beija-Flor afirmou durante o enterro de seu neto, na manhã desta quarta-feira (21), que pretende sair do Brasil. O motivo apresentado pelo sambista foi a violência em várias partes do País. "Não vou criar minha filha aqui depois do que aconteceu com o Gabriel. Não vou mesmo!", desabafou.

Gabriel Ribeiro Marcondes, de 20 anos, morreu no último domingo (18) durante troca de tiros entre policiais e criminosos no Morro da Bacia, no Ambaí, município de Nova Iguaçu. O jovem foi atingido por uma bala perdida enquanto participava de um baile funk. Policiais militares foram ao local para impedir a realização do evento.

Neguinho da Beija-Flor não deu uma data para deixar o País, mas o plano não é recente e só foi atrapalhado por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19). "(Penso) Há muito tempo. Só não aconteceu com a pandemia. Sem show, tive que gastar tudo, só saiu. O suporte que eu tinha, com essa finalidade, foi tudo".

Ao jornal O Globo, Neguinho desabafou: "Meu filho vai processar o Estado. A justificativa é a seguinte: "seu neto estava no lugar errado, na hora errada". Queria que ele estivesse onde? Num shopping na Barra? Aqui em Copacabana? Se todo lugar no Rio é perigoso. É muito fácil fazer justiça em cima do negro sem defesa. Uma vez perguntei a um amigo, um grande jurista, sobre o que aconteceria se a pena de morte fosse aceita no país. Ele disse: "só vão viver os brancos, vão matar todos os negros".

De acordo com o sambista, "negros já nascem suspeitos. Em negro, atiram primeiro para depois saber quem é".

O intérprete oficial da escola de samba Beija-Flor destacou ainda a diferença das operações policiais realizadas em apartamentos de políticos e empresários com as operações nas comunidades cariocas. " Milionários brancos, prendem, e daqui a pouco estão soltos. Têm habeas corpus, tornozeleira, o que não impede de pegar um jato e ir embora. Negro é preso quando ainda é suspeito. E fica, não tem dinheiro para pagar um bom advogado", falou ao O Globo.

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