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Anvisa anuncia retomada de testes da vacina Coronavac no Brasil

Os testes haviam sido interrompidos na segunda-feira (10), após "evento adverso grave" acontecer com um voluntário

JC
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Publicado em 11/11/2020 às 11:36 | Atualizado em 11/11/2020 às 12:09
ABR
Até agora, mais de 2,5 mil militares foram vacinados - FOTO: ABR

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, na manhã desta quarta-feira (11), a retomada do estudo clínico relacionado à vacina Coronavac, feita pela farmacêutica chinesa Sinovac, com patrocínio do Instituto Butantan, em São Paulo. Os testes haviam sido interrompidos na última segunda-feira (10), após "evento adverso grave" acontecer com um voluntário, que morreu, e carência de informações sobre a causa. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo considera que o óbito foi causado por suicídio.

O órgão emitiu comunicado e explicou que os estudos foram paralisados por medida de caráter “exclusivamente técnico”, com base no “princípio da precaução”, pela gravidade do evento e porque não tinham sido informados à agência os motivos de aspectos e efeitos identificados em voluntários da vacina.

No entanto, após avaliar os novos dados apresentados pelo Butantan nessa terça-feira (10), a Anvisa entendeu que há “subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação e segue acompanhando a investigação do desfecho do caso para que seja definida a possível relação de causalidade entre o EAG inesperado e a vacina.”

A agência disse que, "em respeito à privacidade e integridade dos voluntários de pesquisa", não divulgará a "natureza" do efeito adverso grave que causou a suspensão.

Além disso, esclareceu ainda que a interrupção não significa, necessariamente, que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança ou eficácia. "A suspensão e retomada de estudos clínicos são eventos comuns em pesquisa clínica e todos os estudos destinados a registro de medicamentos que estão autorizados no país são avaliados previamente pela Anvisa com o objetivo de preservar a segurança para os voluntários do estudo", informou.

Por fim, a nota assegura que a Agência cumpre o "compromisso com a população brasileira de atestar a qualidade dos dados dos estudos clínicos e a segurança dos voluntários, conferindo também o máximo de celeridade ao processo", e "trabalha para garantir o acesso a produtos e serviços seguros e eficazes, pautando-se na avaliação benefício-risco e no equilíbrio entre os princípios da legalidade, transparência, precaução e razoabilidade de suas ações."

Tensão com o presidente

Sem mostrar provas, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais nesta terça-feira, 10, acusar a vacina chinesa contra a covid-19 de causar "morte, invalidez e anomalia" e cantar vitória na disputa política que vem travando com o governador de São Paulo, João Doria, em torno do imunizante. "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", escreveu.

A acusação de Bolsonaro contra a Coronavac foi feita pelo Twitter em resposta ao internauta Lucas Monnerat Silva Ellera, que questionou se o Brasil vai comprar e produzir a vacina se ela tiver a segurança comprovada. A resposta de Bolsonaro é dada dentro da postagem em que ele lista uma série de ações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações de combate ao novo coronavírus, incluindo testes da vacina BCG contra a covid-19.

"Morte, invalidez, anomalia... Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la", escreveu Bolsonaro, em referência à vacina produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e o laboratório chinês Sinovac. "O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", completou.

CADU ROLIM / ESTADÃO CONTEÚDO
DOSES Brasil precisa de três vezes mais do que Ministério já garantiu - FOTO:CADU ROLIM / ESTADÃO CONTEÚDO

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