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POR FORA Sem liderança federal, governadores tentam garantir imunizantes por conta própria

Publicado em 27/01/2021 às 2:00
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Previsão é que o Instituto Butantan comece, a partir da sexta-feira (29), a liberar, para o Ministério da Saúde, mais 3,2 milhões de doses da CoronaVac - FOTO: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
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Diante das dificuldades do governo federal em adquirir quantidade de doses de vacinas suficiente para garantir o Plano Nacional de Imunização (PNI), governadores se movimentam em negociações individuais para tentar adquirir imunizantes para seus estados. Fontes ligadas a gestores da área relataram que cerca de 15 estados já tentam algum tipo de negociação por fora do PNI para tentar aumentar a disponibilidade de doses enquanto o governo federal não consegue sustentar a oferta.

Ao menos quatro estados estão em conversas com o laboratório União Química para agilizar uma eventual compra direta de vacinas contra o coronavírus, sem passar necessariamente pelo Ministério da Saúde. O laboratório tem um acordo com o Fundo Soberano da Federação da Rússia para transferência de tecnologia e produção da vacina Sputnik V, ainda sem autorização da Anvisa.

Ontem, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), visitou a sede administrativa do laboratório, em São Paulo, e assinou um ofício manifestando o interesse do estado na compra de imunizantes. Segundo o presidente da União Química, Fernando de Castro Marques, Piauí e Rio Grande do Norte também já mostraram interesse em comprar lotes de vacinas diretamente. Bahia também já teve conversas com o laboratório.

Aos governadores também interessa o eventual ganho político que a importação de vacinas pode lhes render, a exemplo do que aconteceu com o chefe do Executivo paulista, João Doria.

Outro estado que tenta empreender negociações individuais é a Bahia. Além das conversas com a União Química, responsável pela vacina russa Sputnik V, na última sexta-feira o governador Rui Costa enviou uma carta à Embaixada da China no Brasil solicitando informações sobre a vacina da fabricante chinesa Sinopharm e demonstrando interesse no imunizante.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), também tem dito que seu estado vai conversar com laboratórios sobre a possibilidade de fazer compras diretas, mas o governo estadual diz que a prioridade é esperar a distribuição a ser feita pelo governo federal.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse ter encaminhado ofício ao Ministério da Saúde na última sexta-feira solicitando informações sobre as intenções da pasta de adquirir mais doses do imunizante desenvolvido contra a covid-19. Segundo Covas, a resposta do Ministério é necessária para que o Instituto planeje a importação de insumos e a produção de novas doses.

De acordo com Covas, com as entregas já previstas, o Instituto deve cumprir o contrato de entregar 46 milhões de doses ao Ministério da Saúde. "Existe a possibilidade de o Ministério da Saúde contratar mais 54 milhões de doses, mas para isso precisamos de uma manifestação do Ministério da Saúde", disse. "Diante de uma pandemia, nós precisamos ser rápidos, precisamos ter um senso de urgência", afirmou.

Segundo Covas, além da demanda brasileira, o Instituto Butantan deve honrar a intenção de fornecimento de doses a outros países da América Latina como Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru.

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