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São Paulo volta à 'fase vermelha' de restrições no pior momento da pandemia no Brasil

Na 'fase vermelha', só são permitidas atividades essenciais, principalmente nas áreas de saúde, alimentação e transporte público. Também foram qualificadas como atividades essenciais as escolas e as igrejas

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AFP

Publicado em 03/03/2021 às 17:24
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O governo do estado de São Paulo decretou nesta quarta-feira (3) o retorno durante duas semanas à 'fase vermelha' de restrições para conter o avanço do coronavírus na fase mais letal da pandemia no Brasil.

"Vamos enfrentar as duas piores semanas da pandemia no Brasil desde março do ano passado", quando a doença fez a primeira das hoje mais de 257.000 vítimas fatais pela covid-19 que o país acumula, declarou o governador João Doria.

A medida vigorará a partir da 0h de sábado (6).

Na 'fase vermelha' só são permitidas atividades essenciais, principalmente nas áreas de saúde, alimentação e transporte público. Também foram qualificadas como atividades essenciais as escolas e as igrejas.

"Estamos hoje em São Paulo e no Brasil à beira de um colapso da saúde", alertou Doria, no dia seguinte ao país, de 212 milhões de habitantes, registrar um recorde de 1.641 mortes em 24 horas. A média semanal supera desde janeiro os 1.000 óbitos diários pela primeira vez desde agosto e há três dias se situa acima dos 1.200.

São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, com 46 milhões de habitantes, também é o que registra o maior número de mortes (60.014) e de casos (2 milhões desde o início da pandemia, entre os 10,6 milhões de contágios registrados em todo o país).

O estado, que já tinha decretado uma fase vermelha em todo o seu território durante as festas de fim de ano, é menos afetado do que outros em termos proporcionais (131 mortos por 100.000 habitantes, contra 192/100.000 no Rio de Janeiro e 266/100.000 no Amazonas). Mas sua rede hospitalar vive o momento de maior pressão em um ano.

O combate à covid enfrenta, ainda, a lentidão da campanha de vacinação nacional, apesar da ampla experiência do Brasil em imunizações em massa. Até o momento, apenas 7,1 milhões de pessoas (3,3% da população) foram imunizadas em pouco mais de um mês.

Doria atribui a dimensão da tragédia ao presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a pandemia, chamando-a de "gripezinha". Ele também promoveu aglomerações, questionou o uso de máscaras e a eficácia das vacinas, além de criticar os governadores que impõem medidas restritivas devido a seus impactos econômicos.

"Fico angustiado de ver vidas perdidas a cada dia (...) Mais de mil pessoas por dia morrem no Brasil. É como se cinco aviões caíssem todos os dias, matando todos os seus ocupantes. Isso não é normal, não é banal, não é uma gripezinha, é uma tragédia", afirmou Doria.

O governador, um político habilidoso que desponta como candidato para disputar a Presidência com Bolsonaro em 2022, disse não temer que as restrições, repudiadas pelo setor comercial, ameacem sua popularidade e culpou com veemência o presidente, de quem foi aliado no passado.

"A culpa é sua por ser, além de incompetente, negacionista (...) Muitos dos brasileiros que estão enterrados neste momento, estão enterrados porque o senhor não teve capacidade de fazer o que devia: liderar", enfatizou.

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