IMUNIZAÇÃO

Para a Polícia Federal, vacina falsa foi vendida a empresários em Minas Gerais

Além da hipótese de produto falso, há linhas de investigação que apuram se as doses foram importadas ilegalmente ou desviadas do Ministério da Saúde

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Estadão Conteúdo

Publicado em 30/03/2021 às 21:56 | Atualizado em 30/03/2021 às 21:57
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A Polícia Federal acredita que os imunizantes utilizados em uma vacinação clandestina em Belo Horizonte na semana passada sejam falsos. Segunda-feira (29), houve busca e apreensão na residência da enfermeira que teria aplicado o suposto imunizante em um grupo de 50 pessoas na garagem da empresa Saritur, de Robson e Rômulo Lessa.
A enfermeira foi conduzida para a Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento. O filho dela também acabou levado para interrogatório e uma clínica em Belo Horizonte foi alvo de buscas. Segundo a PF, a enfermeira tem passagem por furto e teria vendido doses para mais pessoas além dos empresário. Em depoimento, a dupla admitiu ter obtido os supostos imunizantes de forma ilegal. Cada pessoa que recebeu a dose pagou R$ 600 pela suposta vacina.
Além da hipótese de produto falso, há linhas de investigação que apuram se as doses foram importadas ilegalmente ou desviadas do Ministério da Saúde. Segundo o MPF, caso isso tenha ocorrido, os responsáveis podem ser enquadrados no crime de contrabando ou no de descaminho.
O caso da vacinação às escondidas por empresários foi revelado pela revista piauí e teria 50 beneficiários. Seis vídeos obtidos pelo Estadão mostram pessoas sendo vacinadas na noite do dia 23, em uma das garagens da Saritur. Na sexta, o juiz Rodrigo Pessoa Pereira da Silva, da 35ª Vara Federal Criminal de Minas Gerais, autorizou a quebra do sigilo de dados dos empresários no âmbito da Operação Camarote "Em que pese as diligências preliminares não terem obtido êxito, há fortes indícios de ocorrência de importação ilegal de vacinas e de realização de vacinação organizada por representantes da empresa Saritur", alegou.
Agentes da Polícia Federal estiveram nas duas garagens da empresa em Belo Horizonte e questionaram Robson Lessa, que negou a ocorrência da vacinação. No entanto, o empresário "demonstrou nervosismo e apreensão". Após a divulgação das imagens, os agentes afirmaram que um dos homens que aparece nos vídeos "se assemelha, em muito, pela forma de andar e pelas características físicas, ao empresário Rômulo José de Carvalho Lessa". O Estadão não conseguiu contato com os acusados.
O juiz Rodrigo Pereira da Silva registrou que a "luta pela vacina é coletiva" e "indícios de burla à regras de preferência na ordem de imunização são inadmissíveis, especialmente quando podem configurar crime". "A gravíssima pandemia que assola o mundo todo e o Brasil de forma mais severa, ceifando centenas de milhares de vidas em nosso País, se apresenta como uma guerra, e uma guerra só se vence com esforço e sacrifício coletivos. E é justamente diante de uma situação como essa que deve imperar o espírito de solidariedade, de auxílio mútuo, não se admitindo que cidadãos se coloquem em posição privilegiada", afirmou.
 

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