FORÇAS ARMADAS

Defensor do isolamento e das medidas sanitárias: conheça o general cearense Paulo Sérgio, que vai comandar o Exército

O general atuava como chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército

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Do jornal O Povo para a Rede Nordeste

Publicado em 31/03/2021 às 23:15 | Atualizado em 31/03/2021 às 23:40
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) oficializou nesta quarta-feira (31) os novos comandantes das Forças Armadas. Entre os nomes está Paulo Sérgio Nogueira, escolhido para comandar o Exército. O general atuava como chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército. Ele era o quarto na lista de antiguidade, ou seja, na relação de oficiais com mais experiência no Exército. Até agora, estava à frente das ações de combate à pandemia da Covid-19 dentro da força-terrestre.

Paulo Sérgio nasceu no município de Iguatu, no interior do Ceará, e entrou para o exército em 1974, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Em 1977 ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras. Como Tenente Coronel, comandou o 10º Batalhão de Infantaria, em Juiz de Fora-MG, no biênio 2003-2004. Como Coronel foi designado para o cargo de Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico junto a Embaixada do Brasil no México.

Ainda como Coronel, foi classificado por término de missão no exterior na Diretoria de Avaliação e Promoções (DAProm), em Brasília, no Distrito Federal, onde desempenhou a função de Chefe da 1ª Seção. Como Oficial General, foi Chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste; Comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tefé-AM; Chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia, em Manaus-AM; Comandante da 12ª Região Militar, em Manaus-AM; Subchefe de Operações do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, em Brasília-DF; Comandante Logístico do Hospital das Forças Armadas, em Brasília-DF; e Comandante Militar do Norte, em Belém-PA.

Considerado autoridade máxima da saúde no Exército, ele passou por dois anos no Comando da 12ª Região Militar (12ªRM). Durante o período no Comando Logístico Terrestre da Amazônia Ocidental, o general estreitou os laços com a sociedade manauara, ao manter a parceria do Exército Brasileiro com o governo do Estado Amazonas e Prefeitura de Manaus em diversas ações, destacando-se a prestação de serviços médicos e hospitalares nas áreas de fronteira no Estado do Amazonas, principalmente as populações indígenas.

Antes de ser nomeado, o general já comandou as ações de combate à Covid-19 na Força. O desafio de combater a crise de saúde pública foi dada em março do ano passado, quando o Brasil registrava os primeiros casos da doença, que já se alastrava na Europa e desafiava a China. Sua escolha para liderar o Exército pode indicar a intenção das Forças Armadas de atuar na pandemia na contramão do que prega o presidente.

Entre suas ações de combate a doença, Paulo adotou medidas que já foram questionadas pelo governo Bolsonaro. Sob sua gestão, o Departamento-Geral de Pessoal (GDP) do Exército estabeleceu amplas para o incentivo ao distanciamento social, isolamento, uso de máscaras, distanciamento, testagem em massa e higienização das mãos.

Em entrevista para o Correio Braziliense, enquanto destaca as medidas sanitárias adotadas na força, e o sucesso em meio a uma crise sem precedentes, Paulo destacou a necessidade destas para a contenção da pandemia no Brasil. "Os números são relativamente bons em relação à população em geral, por conta da prevenção que temos. O índice de letalidade é muito baixo, menor do que na rede pública, graças a essa conscientização, essa compreensão, que é o que eu acho que, se melhorasse no Brasil, provavelmente, o número de contaminados seria bem menor", disse.

Na ocasião, o general alertou para a gravidade da realidade da Covid-19 no Brasil, e avaliou que o Exército pode promover o fechamento de estradas para evitar a circulação de pessoas, como forma do Exército de atuar na adoção de medidas sanitárias. Praticante do isolamento social, ele pratica o contrário do que vem defendendo o presidente da República, cujas manifestações reforçam críticas às medidas de lockdown tomadas por prefeitos e governadores para conter o número de contágios e mortes por Covid-19.

Em 2020, o Ministério da Saúde chegou a divulgar um protocolo baseado em medicamentos sem comprovação cientifica contra a Covid-19, como hidroxicloroquina e ivermectina. Sob a gestão de Paulo Sérgio, esses medicamentos só podem ser usados em consenso entre médico e paciente, e o doente deve assinar um termo de responsabilidade reconhecendo os riscos de fazer uso de remédios sem eficiência contra a doença.

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