FLORESTA

Amazônia, um paraíso quase perdido

Vista do céu, a Amazônia é uma extensão infinita de verde profundo, um lugar onde a vida explode de todas as superfícies. Mas a imensidão está sob sério risco. A maior floresta tropical do mundo possui uma grande cicatriz de desmatamento, que é impulsionada por queimadas para abrir estradas, extração de ouro, plantações ou pasto para o gado

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AFP

Publicado em 13/11/2021 às 18:35 | Atualizado em 13/11/2021 às 19:30
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Vista do céu, a Amazônia é uma imensidão de um verde profundo, onde a vida explode em cada superfície, cortada apenas por rios sinuosos.

Uma imensidão, por enquanto.

Prosseguindo o sobrevoo em direção aos confins da maior floresta tropical do mundo, chega-se a gigantescas cicatrizes marrons, onde a mata é derrubada e depois queimada para abrir caminho para estradas, garimpos de ouro, cultivos e fazendas de criação de gado.

São os famosos "arcos do desmatamento", que sulcam canais através da América do Sul - uma catástrofe para o nosso planeta.

Até recentemente, graças à sua vegetação exuberante e ao milagre da fotossíntese, a bacia amazônica absorvia grandes volumes das crescentes emissões de carbono da atmosfera, freando o pesadelo das mudanças climáticas antes de se tornarem incontroláveis.

Mas estudos mostram que a Amazônia se aproxima do "ponto de inflexão", que a verá se transformar em savana, com a morte de suas 390 bilhões de árvores, uma depois da outra.

Atualmente, a destruição se acelera, sobretudo desde que o presidente Jair Bolsonaro, um cético do aquecimento global, chegou ao poder em janeiro de 2019. Ele quer abrir as terras protegidas ao agronegócio e à mineração nos 61% da Amazônia localizada em território brasileiro.

A destruição também está em andamento para o viveiro extremamente rico de espécies interdependentes - mais de três milhões catalogadas - entre elas o emblemático gavião-real e a majestosa onça.

Os povos indígenas, guardiões da floresta graças a suas tradições milenares, sofrem ainda com incursões violentas de garimpeiros em seus territórios.

Mas a catástrofe não vai parar aí. Se a Amazônia atingir o "ponto de inflexão", em vez de limitar o aquecimento global, ela irá acelerá-lo bruscamente, liberando na atmosfera uma década de emissões de carbono.

"Nós estamos matando a Amazônia", diz Luciana Gatti, química atmosférica.

"Hoje a floresta já é fonte (de carbono), muito antes do que se imaginava que isso aconteceria. Aquele cenário horrível vai chegar muito mais cedo", lamenta.

Em muitos aspectos, trata-se de uma história de terror: sujeitos violentos com chapéus de caubói exploram uma região sem lei, aproveitando-se da corrupção política e de irregularidades maciças para enriquecer.

Mas é também uma história da Humanidade: nossa relação com a natureza, nosso apetite insaciável, nossa incapacidade de nos determos antes que seja tarde demais.

Pois o ouro, a madeira, a soja, o gado que destroem a Amazônia têm a ver com a oferta e a demanda mundiais.

Os produtos que asfixiam a Amazônia podem ser encontrados nos lares de todo o mundo.

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