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Tragédia em Capitólio: saiba quem são as vítimas do desabamento de rochas

Todos estavam na lancha chamada Jesus, que foi diretamente atingida pelo deslocamento de pedras

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Estadão Conteúdo

Publicado em 10/01/2022 às 16:12 | Atualizado em 10/01/2022 às 18:32
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Dos dez mortos pela queda de rochas nos cânions de Capitólio (MG), no sábado, 8, cinco eram de um mesmo núcleo familiar. Outras duas vítimas eram mãe e filha; ambas com os namorados. Além deles, morreu o marinheiro. Todos estavam na lancha chamada Jesus, que foi diretamente atingida pelo deslocamento de pedras. Segundo familiares e marinheiros, a embarcação havia alterado a rotina, indo diretamente para o cânion, em vez de fazer uma parada turística comum, a pedido dos viajantes.

As vítimas do desabamento em Capitólio

Entre os cinco mortos da mesma família, o policial militar reformado Sebastião Teixeira, de 68 anos, era casado com Marlene Teixeira, 57. Eles eram pais de Geovany Teixeira da Silva, de 41, e avós de Geovany Gabriel Teixeira da Silva, de 14. Além deles, Thiago Teixeira, de 30, era sobrinho do casal. Outras duas vítimas, Carmen Pinheiro da Silva, de 41, e Camila da Silva Machado, de 21, eram mãe e filha. Carmen era namorada de Geovany, filho de Sebastião e Marlene. Camila também embarcou na lancha com o namorado: Maycon Douglas Deosti, de 25Júlio Antunes, 68, era amigo da família. Também morreu no acidente o marinheiro Rodrigo Alves dos Anjos, de 40.

Parentes inconsoláveis 

Sentado em um banco do IML, olhar perdido em um ponto do teto, o pai de Maycon, Jânio Rodrigues, de 49 anos, reunia o que lhe restava de forças para perguntar ao legista se o corpo do filho seria liberado ainda ontem. O trabalho é lento. A maior parte das vítimas precisa ser reconhecida pelo exame de DNA: o impacto da rocha sobre o barco tornou o trabalho forense quebra-cabeças. "Ele era tudo…tudo. A mãe está lá em casa inconsolável", diz o homem que saiu de Sumaré, na região de Campinas, às 5 horas, para fazer "a pior viagem de sua vida".

Ao seu lado estava Eleandro Pinheiro da Silva, de 39 anos, irmão de Marlene e tio de Camila, a namorada do filho de Jânio. Olhos vermelhos, cabeça baixa, precisaria colher sangue para o exame de identificação. Tentava falar algo, mas não conseguia. Apenas balançava a cabeça e esperava.

Do lado de fora, Marileide de Fátima Rodrigues, de 37 anos, era amparada pela família. Ela é mulher do marinheiro Rodrigo, que pilotava a lancha. Havia 5 anos o casal se mudou de Betim para Capitólio. Agora, ela fará sozinha o caminho de volta. "Aquilo era a vida dele. Morreu fazendo o que mais amava. Não sei o que dizer."

É o cunhado dela, Leandro Eduardo, que tenta, então, explicar o que ouviu de marinheiros e funcionários do píer de onde partiu a lancha. "Não era para ele estar naquele barco. Normalmente ele pilotava outra. Ele pediu para ir na Jesus", diz. Segundo ele, a ordem das paradas também foi alterada. "O primeiro lugar que ele pararia seria a Lagoa Azul, mas um dos turistas pediu para ir para a região dos cânions antes. Ele foi."

Já os familiares tiveram de ir a Passos ontem. Entre eles, a mãe de Giovany Gabriel, de 14 anos, Vanessa Oliveira Ferreira, de 33 A família mora em Serrania, na região de Poços de Caldas. No sábado, o menino deixou a cidade para o passeio ao lado dos avós, do pai e da namorada. Agora, nada parecia capaz de segurar a mãe em pé. "Ele era um menino doce."

No início da noite, uma equipe do IML de Belo Horizonte chegou ao local para auxiliar na identificação dos corpos. O trabalho pode se estender por até 30 dias. A dor dessas famílias ainda vai se arrastar. "Não sei como vai ser. Não, sei", dizia a mulher do marinheiro.

Investigação

A Polícia Civil instaurou um inquérito policial para apurar as circunstâncias da tragédia, bombeiros juntamente com homens da Marinha, seguem recolhendo material que possa contribuir com a investigação. Além disso, os mergulhadores também procuram por pedaços de vítimas cujos corpos foram segmentados ao sofrer o impacto das pedras e vasculham a área para se certificar de que não há mais nenhuma vítima presa sob os escombros submersos.

Desde que as imagens do enorme bloco de pedra atingindo parte das embarcações com turistas que visitavam o local começaram a ser veiculadas, fotos e até mesmo mensagens antigas em que pessoas apontam a trinca no paredão de pedra e o risco iminente de queda foram recuperadas para questionar a falta de orientação sobre os riscos do local.

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