RIO DE JANEIRO

Em Petrópolis, faltam pás, galochas e luvas para buscas dos Bombeiros, aponta documento da corporação

Documento interno foi acessado pelo UOL. Corpo de Bombeiros nega a falta

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AFP

Publicado em 19/02/2022 às 11:39 | Atualizado em 19/02/2022 às 17:58
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O UOL teve acesso a um documento interno do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro que apontava a falta de equipamentos básicos para realizar o salvamento de pessoas e resgate de corpos na tragédia de Petrópolis, que já registrou mais de 130 mortos até este sábado (19).

A subchefia administrativa do Estado-Maior teria feito um pedido urgente de 20 itens, incluindo enxadas, galochas, pás e luvas, mas, como resposta, o almoxarifado-geral dos Bombeiros respondeu que não tinha nenhum dos materiais solicitados em estoque.

A partir disso, segundo o portal, iniciou-se um trâmite para a aquisição emergencial dos itens. Mesmo assim, como resposta, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros disse ao UOL que possui os materiais e que "não há processo de compra". 

"O Corpo de Bombeiros possui enxadas e pás, além de tantos outros materiais em estoque que já estão sendo empregados nas ocorrências de deslizamentos. Ou seja, não há processo de compra destes itens. Os materiais estão distribuídos logisticamente nos grupamentos operacionais da corporação para as atividades rotineiras de salvamento e estão sendo amplamente utilizados para atender à pronta resposta preconizada no Plano de Contingência do Estado para as chuvas de verão do Governo do Estado", afirmou, por nota.

Tragédia

Quatro dias após a tempestade que causou um número de vítimas que não para de crescer, as ruas de Petrópolis ainda são cenário da destruição causada pela força da água que derrubou encostas, aumentou o nível de rios e invadiu casas e lojas.

A busca por desaparecidos após os deslizamentos mortais se prolongava nessa sexta-feira (18). O temporal histórico que deixou pelo menos 136 mortos. Outras 24 pessoas foram resgatadas com vida e 967 foram deslocadas, enquanto os números de desaparecidos são confusos por causa dos poucos corpos identificados, que a Agência Brasil contabilizou em 57 nesta sexta-feira.

A Polícia Civil registrava 218 desaparecidos, mas não deixou claro se esta lista poderia incluir nomes de mortos ainda sem identificar ou de pessoas que já foram localizadas por seus familiares.

Doações

Além da lama e dos estragos causados pelo temporal, no entanto, também podem ser vistos por toda a parte os esforços de voluntários que levam água, comida e itens de higiene para pontos de apoio montados em diversas partes da cidade.

As doações chegam em carros particulares, caminhões, ônibus, vans e caminhonetes, que circulam pela cidade da região serrana em busca de abrigos ou pontos de distribuição de cestas básicas.

A frota inclui carros de órgãos públicos, associações privadas, igrejas e organizações não governamentais, que contam com a ajuda dos moradores para descarregar engradados de água mineral, cestas de alimento não perecível, roupas e outros itens de necessidades básicas.

A presidente da Associação de Moradores da Comunidade 24 de Maio, a aposentada Odete da Silva, de 65 anos, conta que recebeu uma doação de água de sua antiga patroa, que mora no Rio de Janeiro.

Ao se deparar com as necessidades de sua comunidade, ela começou a divulgar os itens para doações, e a quantidade que chegou foi tão grande que foi preciso organizar um ponto de apoio.

"A creche me cedeu duas salas, e aí foi crescendo. Graças a Deus, estamos aqui com um núcleo maravilhoso, montado por mim e a minha comunidade", conta ela, que recebe as doações no Colégio Municipalizado Augusto Meschick.

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