SACRIFÍCIO

MATANÇA DE JUMENTOS: Brasil dizima 1,2 mil animais por semana e põe em risco sobrevivência de símbolo nordestino

Apesar de decisão judicial proibindo o abate de jumentos, estima-se que mortes continuem a crescer, em atendimento ao mercado da China

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Lucas Moraes

Publicado em 10/06/2022 às 19:29 | Atualizado em 10/06/2022 às 19:30
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Símbolo da resistência no semiárido nordestino, levado à exaustão por ajudar sertanejos a carregarem os mais pesados fardos, a judiação dos jumentos (ou jegues) chegou a um nível brutal no Brasil em nome do comércio chinês. Embora no País já haja entendimento judicial proibindo o massacre dos animais, estima-se que, mesmo assim, por semana sejam dizimados 1,2 mil jumentos. o que leva a um total de 62.400 por ano - num processo brutal. 

O abate de jumentos foi proibido em todo o País por uma liminar federal em fevereiro de 2022 (processo nº 1002961-62.2019.4.01.0000, 3 de fevereiro de 2022). Apesar disso, os animais continuam sendo abatidos sem controle ou supervisão mínima, e agora há crescente pressão política e pública para que esse comércio cruel seja interrompido permanentemente.

A The Donkey Sanctuary – uma organização internacional sem fins lucrativos que defende há mais de 50 anos que os jumentos do mundo recebam cuidados e tenham o bem-estar necessário para sua sobrevivência, lançou uma campanha nacional pedindo o fim do abate do animal. A campanha #salvejegue recolhe assinaturas em uma petição que será levada às autoridades brasileiras competentes.

Segundo dados da organização, aproximadamente 4,8 milhões de jumentos são abatidos todos os anos no mundo. Só no Brasil, em 2021, cerca de 64 mil foram abatidos. Estima-se que uma média de 1,2 mil estão sendo mortos a cada semana (62.400 por ano), mesmo com a existência da liminar que proíbe efetivamente a prática.

Não só a morte busca ser evitada, mas os métodos de recolhimento e tratamento dados aos animais até que sejam sacrificados. Com base nos dados da The Donkey Sanctuary, acredita-se que 20% dos jumentos morrem antes de chegar ao matadouro. 

Divulgação/ The Donkey Sanctuary
Jumentos ou Jegues - mais de 1,2 mil mortos por semana no Brasil - Divulgação/ The Donkey Sanctuary

Todo esse sacrifício deve-se à demanda chinesa pela pele do animal, que são fervida para produzir o produto chinês ejiao - que alguns acreditam ter propriedades medicinais. Os jumentos são transportados e mantidos em condições desumanas, sem acesso a água, comida ou cuidados veterinários suficientes.

“A natureza insustentável desse comércio é inaceitável, principalmente devido ao extenso sofrimento experimentado pelos jumentos, um importante símbolo da história e da cultura do Brasil”, diz a representante da The Donkey Sanctuary no Brasil, Patricia Tatemoto.

Petição para salvar os jumentos

A campanha #salvejegue - diga não ao abate - expõe a crueldade do comércio de pele e pede pela proteção dos jumentos, uma espécie importante para muitas comunidades e integrante da cultura e história do Brasil.

Além de um site que apresenta dados e fatos sobre a situação dos jumentos no País, a campanha está centrada em uma petição online, hospedada no site de mobilização social Avaaz, que irá coletar assinaturas pedindo a intervenção do governo para banir permanentemente o abate.

A petição está disponível em: www.salvejegue.com.br.

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