INVESTIGAÇÃO

Polícia Federal confirma assassinato de Dom e Bruno na Amazônia; pescador confessou o crime

Dom Phillips, que é colaborador do jornal britânico The Guardian, e Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), foram vistos pela última vez na manhã de 5 de junho

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Amanda Azevedo

Publicado em 15/06/2022 às 15:37 | Atualizado em 16/06/2022 às 0:53
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Da AFP

Um dos detidos pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips, 57 anos, e do indigenista Bruno Pereira, 41, no Vale do Javari, no Amazonas, confessou o assassinato dos dois, informou a Policia Federal nesta quarta-feira (15).

O suspeito Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como 'Pelado', "narrou em detalhes o crime e indicou onde enterrou os corpos", um lugar "de muito difícil acesso" selva adentro, informou Eduardo Alexandre Fontes, chefe da Polícia Federal do Amazonas.

"Pela confissão e o lugar indicado, há grandes chances" de que os cadáveres sejam de Phillips e Pereira, "mas só teremos certeza após os exames" de identificação, completou.

Pelado, detido na semana passada, levou nesta quarta-feira (15) a polícia até o lugar onde afirmou ter afundado a embarcação usada pelos dois desparecidos e enterrados os corpos.

AVENER PRADO / AGENCIA PUBLICA / AFP
Polícia conduz suspeito de matar Dom e Bruno na Amazônia - AVENER PRADO / AGENCIA PUBLICA / AFP

Colaborador do jornal The Guardian, Dom Phillips estava escrevendo um livro sobre a preservação ambiental na Amazônia.

Bruno Pereira, especialista da Fundação Nacional do Índio (Funai), atuava como guia de Phillips nesta região perigosa e de difícil acesso do Vale do Javari, uma área estratégica para os narcotraficantes, na qual também atuam garimpeiros, pescadores e madeireiros ilegais.

Um ativo defensor das comunidades indígenas, Pereira havia recebido ameaças desses grupos criminosos que invadem as terras protegidas para explorar seus recursos.

Ambos foram vistos pela última vez no domingo, 5 de junho, enquanto navegavam pelo Rio Itaquaí.

Reprodução
Bruno Araújo Pereira (à esquerda) e Dom Phillips foram mortos no dia 5 de junho - Reprodução

- "Fim da angústia de não saber" -

A esposa do jornalista inglês, a brasileira Alessandra Sampaio, declarou que trata-se de um "desfecho trágico" que "põe fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno".

"Hoje, se inicia também nossa jornada em busca de justiça. Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas", completou Alessandra, em um comunicado.

Após dez dias de buscas intensas, as autoridades haviam encontrado vestígios de sangue em uma embarcação do primeiro detido e material "aparentemente humano" que já estava sendo analisado em Brasília. Também foram encontrados objetos pessoais, como roupas e calçados.

O presidente Jair Bolsonaro havia dito esta semana que "vísceras humanas" haviam sido encontradas flutuando no rio, mas essa informação não foi confirmada pela Polícia Federal.

Após o desaparecimento, Bolsonaro qualificou a incursão de Phillips e Pereira como uma "aventura não recomendável" e, nesta quarta-feira (15), disse que o repórter era "malvisto" na região amazônica por seu trabalho informativo sobre atividades ilegais como o garimpo.

"Esse inglês, ele era malvisto na região porque ele fazia muita matéria contra garimpeiros, [sobre] a questão ambiental", disse o presidente durante uma entrevista nesta quarta ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube.

O desaparecimento de Dom e Bruno gerou uma onda de solidariedade internacional e voltou a provocar críticas contra o governo Bolsonaro, acusado de incentivar as invasões de terras indígenas e sacrificar a preservação da Amazônia para sua exploração econômica.

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