RIO DE JANEIRO

Operação policial deixa 18 mortos no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro

Dezesseis suspeitos de pertencerem a organizações criminosas, uma moradora de 50 anos e um policial de 38 morreram na operação contra o crime organizado

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Amanda Azevedo

Publicado em 21/07/2022 às 21:39 | Atualizado em 21/07/2022 às 22:17
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Da AFP

Dezoito pessoas morreram nesta quinta-feira (21) em uma operação policial contra o crime organizado no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, informaram autoridades.

Cerca de 400 membros das forças de elite das polícias Militar e Civil do estado entraram com blindados e quatro helicópteros na extensa área de favelas, localizada na zona norte da capital fluminense, para combater um grupo dedicado ao roubo de veículos de carga e bancos.

Dezesseis suspeitos de pertencerem a organizações criminosas, uma moradora de 50 anos e um policial de 38 morreram na operação, concluída na tarde de hoje, indicou em coletiva de imprensa um porta-voz da Polícia Civil.

A Defensoria Pública e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) afirmaram à AFP que têm informações que indicam um total de 20 mortos, incluindo o policial e a mulher.

- 'Atiraram contra o carro' -

Parentes de Letícia Marinho de Sales, vítima da operação, acusaram a polícia de ter causado a morte da mulher ao atirar contra o carro em que ela estava com o companheiro, Denilson Glória.

“Está sob investigação. Não sabemos a dinâmica de como ocorreu”, disse em coletiva o coronel Rogério Lobasso, responsável da PM na operação, após lamentar a ação.

O presidente Jair Bolsonaro lamentou a morte do policial Bruno de Paula Costa, sem citar as demais vítimas. "Foi vitimado por um confronto com bandidos", declarou, durante sua tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais, nas quais se queixou de dificuldades judiciais enfrentadas por autoridades para realizar operações em favelas.

- Denúncias de moradores -

Moradores denunciaram à imprensa ataques das forças de segurança que teriam incluído invasões de residências e a morte de Letícia Marinho de Sales, cujo namorado declarou ao portal G1 que a polícia atirou contra o carro em que eles estavam.

“Ao sair, tinha um policial em um sinal. Paramos. Mesmo assim, o carro foi alvejado”, afirmou. “Só a vi caindo para o meu lado. Quando eu olhei, tinha um furo no peito”, contou Denilson Glória.

Autoridades alegaram que suas unidades foram “violentamente atacadas” com táticas “militares e de guerrilha”, e acusaram os criminosos de usarem civis como escudos e receberem o apoio de moradores.

- Operação emblemática -

Preferiria que "eles não tivessem reagido" e que a polícia os tivesse prendido. "Infelizmente, eles escolheram atingir os policiais", justificou o subsecretário operacional da Polícia Civil, Ronaldo Oliveira.

O coordenador da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, Fabrício Oliveira, chamou a operação de emblemática, uma vez que ocorreu em uma área tradicionalmente vedada às forças do Estado e onde, segundo ele, escondem-se criminosos de outros estados.

A operação no Complexo do Alemão foi a segunda ação policial de alta letalidade em uma favela do Rio de Janeiro nos últimos dois meses, depois da ocorrida em maio na Vila Cruzeiro, que deixou 25 mortos, entre eles 23 suspeitos.

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