INVESTIGAÇÃO

Histórico de acesso às câmeras foi apagado após assassinato de petista no Paraná

Laudo da perícia identificou que registros que permitiriam identificar quem acessou remotamente as câmaras foram deliberadamente apagados

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Agência Estado

Publicado em 03/08/2022 às 21:24 | Atualizado em 03/08/2022 às 21:45
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O histórico de acessos às imagens das câmeras de segurança do local onde o agente penal Jorge Guaranho assassinou o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR) foram apagados no dia 11 de julho, dois dias após o crime. É o que aponta um laudo pericial, anexado nesta terça-feira, 2, na ação penal e solicitado pela Polícia Civil do Paraná. Guaranho é réu no caso e responde por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por colocar em risco a vida de outras pessoas.
 
"Ao analisar as configurações do equipamento identificou-se que o serviço de acesso remoto P2P estava ativado e que às 08h57min02seg do dia 11/07/2022 ocorreu um evento de 'Limpar' que apagou todos os registros de eventos do aparelho anteriores a esta data. Logo, pela análise dos logs presentes não foi possível afirmar se houve acesso às imagens na data de 09/07/2022", diz um trecho do laudo. Os peritos também concluíram que "não foram encontrados indícios de adulterações" nas gravações das imagens das câmeras.
 
O registro de acesso às imagens é um fator importante na investigação para descobrir quem teria mostrado a Jorge Guaranho que na Associação Recreativa Esportiva Segurança Física de Itaipu (Aresf) ocorria uma festa com temática do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 9 de julho.

Policial acusado do assassinato já havia tido acesso às câmeras quando era diretor do clube

Procurado pela reportagem, o presidente da Aresf, Antonio Marcos Borges de Souza, disse que não tinha conhecimento sobre o registro de acesso ter sido apagado. "Não tinha conhecimento desta situação, mas estamos à disposição da Justiça para mais esclarecimentos, caso necessário", respondeu por mensagem. Segundo a presidência da Aresf, somente integrantes da diretoria do clube possuem acesso às câmeras e Guaranho deixou a diretoria em janeiro deste ano, mantendo-se apenas como sócio.
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A defesa da família de Marcelo Arruda aguarda a perícia nos telefones celulares de Jorge Guaranho e dos integrantes da diretoria da Aresf que estavam com Guaranho em um churrasco na Associação de Empregados da Itaipu Binacional (Assemib), onde o agente penal teria tido conhecimento sobre a festa de Marcelo Arruda.
 
Outro aparelho que passa por perícia a pedido da defesa que representa a família de Marcelo Arruda é o celular de Claudinei Esquarcini, integrante da Divisão de Segurança da Central da Itaipu Binacional. Ele cometeu suicídio no dia 18 de julho, ao se jogar de um viaduto na BR-277, em Medianeira (PR). Segundo a presidência da Aresf, Esquarcini tinha acesso às imagens das câmeras e era integrante da diretoria da associação. No dia do assassinato de Marcelo Arruda, ele estava em serviço pela Itaipu.
 

Crime aconteceu durante festa de aniversário do petista

Marcelo Arruda foi morto na noite de 9 de julho, durante a própria festa de aniversário de 50 anos, realizada na sede da Associação Recreativa e Esportiva Saúde Física (Aresf). A festa estava decorada com as cores do PT e bandeiras do ex-presidente Lula.
 
O agente penal Jorge Guaranho é sócio da Aresf e assumidamente apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a Polícia Civil, ele teria ido até o local com o intuito de provocar os participantes da festa, gritando palavras como "Mito" e "Aqui é Bolsonaro". Ninguém na festa conhecia Guaranho. Para o Ministério Público, o crime se deu em razão das divergências políticas entre os dois.
 
Marcelo Arruda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos dos dois tiros que recebeu e morreu na madrugada de 10 de julho. Jorge Guaranho segue internado em uma ala de enfermaria no Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. Ele está consciente e sob custódia policial, pois teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
 
Guaranho levou quatro tiros disparados por Arruda ao revidar o ataque. Além disso, também foi atingido por chutes na cabeça e em outras partes do corpo por convidados da festa que retornaram ao salão após o fim do tiroteio. Essas pessoas estão sendo investigadas em um inquérito à parte.
 

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