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No dia do Soldado, Comandante do Exército repudia "desvios de conduta"

Comandante destacou que o Exército tem "novos desafios"

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Agência Brasil e Estadão Conteúdo

Publicado em 25/08/2023 às 14:10
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O comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, afirmou, nesta sexta-feira (25), que a Força repudia e corrige “eventuais desvios de conduta”. Segundo o comandante, tais "desvios" não combinam com a missão constitucional da tropa.

“Meus comandados, guiados pelo espírito de servir à pátria, vocês são os fiéis depositários da confiança dos brasileiros. [Confiança] que só foi obtida pela dedicação extrema ao cumprimento da missão constitucional e pelo absoluto respeito a princípios éticos e valores morais”, discursou o comandante, durante a cerimônia alusiva ao Dia do Soldado, que acontece esta manhã, no Quartel General do Exército, em Brasília.

Participam da cerimônia do Dia do Soldado o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, além de outras autoridades, como o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro; o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e parlamentares.

“Este comportamento coletivo não se coaduna com eventuais desvios de conduta que são repudiados e corrigidos a exemplo do que sempre fez Caxias, forjador do caráter militar brasileiro […] Formamos uma instituição que se orgulha, ao lado da Marinha e da Força Aérea, de ter a grande responsabilidade de defender a nossa pátria”, acrescentou Paiva ao invocar o patrono do Exército, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, cujo legado vem sendo questionado por historiadores.

“Caxias sempre advogou que a verdadeira bravura do soldado é nobre, generosa e respeitadora do princípio da humanidade. Desta forma, estendeu em todas as contendas internas o manto da reconciliação e do perdão aos irmãos brasileiros vencidos. Reconhecendo o perigo que rondava o Império na consolidação de nossas fronteiras, exortou os revoltosos farroupilhas: “Abracemo-nos e unamo-nos para marchar não peito a peito, mas ombro a ombro em defesa da pátria, que é nossa mãe comum”, comentou o comandante, destacando que o Exército tem “novos desafios” a superar e que compete aos militares atuar de forma “intransigente” em defesa da legalidade, da democracia e da pátria.

Caso das joias arrasta Forças

Com o fechamento do cerco em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados dele, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica acabaram tragados para a crise. Em diferentes escalas, as três instituições foram de alguma maneira citadas tanto no caso da tentativa de reaver joias confiscadas pela Receita Federal quanto no da venda de presentes valiosos recebidos por Bolsonaro na condição de chefe de Estado.

A Operação Lucas 12:2, da Polícia Federal, aponta participação direta de homens do Exército em um "esquema internacional" de venda de presentes recebidos em viagens presidenciais.

O general Mauro Cesar Lourena Cid, o filho dele, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, e o primeiro-tenente Osmar Crivelatti aparecem com destaque na operacionalização das vendas dos itens. A investigação contra Lourena Cid representa a primeira a alcançar um ex-integrante do Alto Comando do Exército. Ele esteve na cúpula da Força até 2019 e era um dos mais prestigiados nomes do meio militar nas últimas décadas.

A operação da PF tem origem em outro caso de suposto desvio de joias. Em março, o Estadão revelou que o ex-presidente ganhou do governo da Arábia Saudita um conjunto de joias. O entorno bolsonarista tentou entrar com o presente no País sem declarar à Receita.

Um dos principais personagens do episódio foi o almirante da Marinha Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia no governo passado. O pacote de joias estava em posse de um assessor dele quando foi retido no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao saber que a fiscalização apreendeu o item, o ministro retornou à área da alfândega e tentou liberar os diamantes.

Outro membro da Marinha esteve envolvido no caso, o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Dias antes do fim do mandato do ex-presidente, o militar foi enviado a Guarulhos para tentar retirar as joias que ficaram retidas na Receita. O documento que determinava a viagem, revelado pelo Estadão, é um dos indícios contra Bolsonaro nessa investigação.

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