Lula diz que governo quer retomar reconstrução da BR-319, alvo de crítica de ambientalistas
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse, na Amazônia, que muitas queimadas são propositais e feitas em propriedades privadas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo federal quer retomar a reconstrução e asfaltamento da BR-319, que liga Porto Velho, em Rondônia, a Manaus, Amazonas. De acordo com o petista, o governo fará uma reunião com senadores, governadores e ministros para retomar as discussões sobre a rodovia.
Em julho, a Justiça Federal mandou suspender a licença prévia para reconstrução e asfaltamento do trecho do meio da BR-319. O trecho central, de 405 quilômetros, corta algumas das porções mais preservadas da Floresta Amazônica.
Ambientalistas dizem que o asfaltamento facilitaria o acesso de grileiros e madeireiros à região. A gestão Lula se comprometeu com uma meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030 e apresenta a causa ambiental como uma das suas principais bandeiras em fóruns internacionais.
Diante desse cenário, nesta terça-feira, o presidente defendeu a ministra do Ambiente, Marina Silva. "É preciso parar com essa história de que é a ministra Marina que não quer construir a BR-319", afirmou nesta manhã durante a visita a comunidade em Manaquiri (AM).
De acordo com Lula, na volta a Brasília, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deve convocar uma reunião com ministros e com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), para "definir uma política de atuação no Estado". "Nós queremos pactuar, governador, com o Estado. Estado e federação. Vamos ter que garantir de que não vamos permitir o desmatamento e a grilagem de terra próximo à rodovia, como é habitual acontecer neste país", declarou o chefe do Executivo federal.
"Enquanto esses 52 km vão ser construídos, nós vamos preparar o Estado para que a gente possa entregar definitivamente a ligação entre Manaus e Porto Velho sem causar prejuízos", disse.
LIGAÇÃO TERRESTRE
Apesar da posição de ambientalistas sobre o projeto, defensores da BR-319 ressaltam a importância da ligação terrestre entre Manaus e Porto Velho, sobretudo para escoar a produção agropecuária.
Na avaliação de Lula, a importância da rodovia se dá especialmente durante a seca no Rio Madeira. "Nós temos consciência de que, enquanto o rio estava navegável, cheio, a rodovia não tinha a importância que tem, enquanto o rio Madeira estava vivo. E nós não podemos deixar duas capitais isoladas", disse.
"Nós vamos fazer a reconstrução da BR-319 com a maior responsabilidade e queremos construir uma parceria de verdade entre governo federal e governo do Estado", acrescentou.
Segundo o presidente, a BR-319 é uma é "estrada olhada pelo mundo", uma vez que lideranças globais defendem a preservação da Amazônia. "Queremos a Amazônia não como santuário da humanidade, mas como patrimônio soberano desse país e estudar a riqueza da biodiversidade para que os povos daqui vivam e ganhem dinheiro por conta da preservação da Amazônia", afirmou o presidente.
DISCURSOS DO PRESIDENTE
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse, na Amazônia, que muitas queimadas são propositais e feitas em propriedades privadas. Ele discursou em Tefé (AM), região afetada pelas secas na maior floresta úmida do mundo.
"Sabemos que no Brasil muitas queimadas são propositais, muitas queimadas são feitas em propriedades privadas", afirmou o presidente da República - ele mencionou como exemplo as do Pantanal.
Lula disse que seu governo está "cuidando para que a floresta fique de pé".
Também afirmou que sua visita ao local é para mostrar que sua gestão leva a sério o combate à seca, ao desmatamento e ao fogo