"Vamos ver muito mais poluição social", diz Marcelo Rech sobre o fim da verificação digital dos fatos da Meta

A declaração foi dada na manhã desta quarta-feira (8), durante o programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal; confira a entrevista

Publicado em 08/01/2025 às 12:18 | Atualizado em 08/01/2025 às 12:59
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O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, afirmou, nesta quarta-feira (8), que a decisão da empresa Meta de encerrar o programa de fact-checking (verificação digital de fatos) nos Estados Unidos vai gerar ainda mais poluição social nas redes e frisou que o jornalismo profissional terá um aumento de visibilidade. A declaração foi dada durante o programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

"A gente vai ver muito mais poluição social. A rede social é mais ou menos como um rio, um rio que flui vários tipos de comentários, opiniões, manifestações, só que com isso também vem uma poluição", afirmou Rech.

Confira a entrevista

Segundo o presidente, a aliança dos "três homens" [Donald Trump, Mark Zuckerberg e Elon Musk] é "extremamente preocupante" e pode sacramentar o destino de muitas partes do planeta. Além disso, Rech enxerga a decisão da rede social com um caráter oportunista.

Na visão do presidente da ANJ, na ausência de auto regulação, virá, automaticamente, uma regulação de vários países contra o Facebook, contra a Meta, contra os produtos da empresa. "Nós, como homens de imprensa e defensores da democracia, sempre defendemos a auto regulação. Os nossos veículos de comunicação, os jornais, as rádios, as televisões no Brasil têm princípios éticos, têm códigos de conduta ética e se pautam por esses códigos. Isso se chama auto regulação. Se nós cometemos um erro, nós corrigimos esse erro, temos obrigação moral", disse. 

Ele falou sobre um 'grande risco' para a empresa com o avanço da não checagem dos fatos. "Os produtos da Meta ganham bilhões de dólares em publicidade e no momento que eles colocam em risco a segurança das marcas, ele {Mark Zuckerberg] possivelmente está dando um tiro no pé", comentou. 

O papel do jornalismo profissional

Questionado sobre qual será o papel do jornalismo após esse anúncio, Marcelo frisou que os profissionais tendem a ser mais reconhecidos. "Então, a nossa responsabilidade aumenta e nossa visibilidade seguramente vai aumentar também", disse. "As marcas não querem colocar suas empresas nesses esgotos digitais, então boa parte das organizações empresariais sérias deixaram de anunciar no antigo Twitter, porque não querem se associar a esse lixo que está escorrendo nesse 'rio lodoso' das redes sociais", completou Marcelo. 

O que aconteceu?

A gigante das redes sociais Meta anunciou, nessa terça-feira (7), que encerrará o seu programa de fact-checking (verificação digital de fatos) nos Estados Unidos, uma reviravolta em suas políticas de moderação de conteúdo, que se alinha com as prioridades do futuro presidente americano, Donald Trump.

"Vamos eliminar os fact-checkers [checadores] para substitui-los por notas da comunidade semelhantes às do X [antigo Twitter], começando nos Estados Unidos", escreveu nas redes sociais o fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg.

O diretor-executivo afirmou que os verificadores de fatos "têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos".

Essa função será substituída "por notas comunitárias semelhantes às do X", acrescentou, referindo-se a um tipo especial de comentário que permite que os próprios usuários colaborem adicionando contexto a outras publicações.

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