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Professora moradora da comunidade Entrapulso vence adversidades e conclui o doutorado

Sandra Cristina da Silva mostra que o contexto social não é desculpa para se acomodar e mudar de vida

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 16/12/2013 às 21:13
Foto: Clemilson Campos/JC Imagem
Sandra Cristina da Silva mostra que o contexto social não é desculpa para se acomodar e mudar de vida - FOTO: Foto: Clemilson Campos/JC Imagem
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A professora Sandra Cristina da Silva, 36 anos, já pode ser chamada de doutora. Na tarde desta segunda-feira, ela defendeu sua tese de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi aprovada. Vencendo as adversidades de morar em um local pobre, a comunidade Entrapulso, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e fazer parte de uma família humilde, ela concluiu a educação básica, fez faculdade de história, cursou especialização e mestrado, tudo em instituições públicas de ensino. Com persistência, ela mostra que o contexto social não é desculpa para se acomodar e mudar de vida.

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Não à toa o tema que escolheu para o doutorado foi como a educação proporcionou a emancipação da mulher. “Concluir o doutorado é para mim uma satisfação sem precedentes. Moro em uma comunidade pobre, mas extremamente diversa. Algumas vezes sofri discriminação, pois muitas pessoas julgam os outros pelo lugar em que moram, pelo saldo da conta bancária, pela roupa que vestem e não pela essência. Valorizam o ter em detrimento do ser”, ressalta Sandra, que nos fins de semana estudava com protetores de ouvido para não escutar o som alto das casas vizinhas.

Trabalhando desde os 14 anos, quando estava no último ano do ensino fundamental, Sandra tinha que conciliar a rotina de labuta diária com a escola. “Foi meu maior desafio. Trabalhava durante o dia, numa escola longe de casa, e estudava à noite. Sou a caçula de quatro irmãos e fui a primeira da família a cursar universidade. Passei no vestibular na terceira tentativa. Meus pais, apesar da pouca instrução que receberam, nunca mediram esforços para que estudássemos. E cobravam isso de nós. Desde pequena, sempre fui obstinada e dizia que iria ‘fazer faculdade’”, conta a professora de história, que leciona na rede estadual de ensino.

Sua determinação motivou os três irmãos mais velhos a seguirem o mesmo caminho escolar. Um dos irmãos é formado em administração e o outro em direito, ambos cursados em faculdades privadas, pagas com bolsas. A única irmã vai concluir pedagogia ano que vem na UFPE. “Minha mãe era empregada doméstica e meu pai, fotógrafo. Uns oito anos atrás consegui bancar a casa e fazer com que ela parasse de trabalhar fora e se dedicasse apenas a fazer artesanato, coisa de que mais gosta”, explica Sandra. O pai está aposentado e é separado da mãe dela, mas sempre foi um grande incentivador da caçula.

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