COQUE

Comunidade luta para manter escola

Pais, alunos e professores querem evitar o fechamento da única escola estadual do bairro

Wilfred Gadelha
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Wilfred Gadelha
Publicado em 29/01/2014 às 5:00
Guga Matos/JC Imagem
Pais, alunos e professores querem evitar o fechamento da única escola estadual do bairro - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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“O ensino é bom, os professores são dedicados, nossos filhos aprendem, não há violência, ao contrário de outras escolas da comunidade, onde os alunos são indisciplinados e fazem o que querem.” O depoimento é da dona de casa Ana Paula Pinheiro, que tem dois filhos matriculados na Escola Estadual Nossa Senhora do Carmo, localizada na comunidade do Coque, na Ilha Joana Bezerra, área central do Recife. Ela e dezenas de outros pais, além de moradores e líderes comunitários, estão mobilizados para evitar o fechamento da unidade de ensino e a transferência das turmas para a Escola Estadual Monsenhor Manuel Leonardo de Barros Barreto, que fica no vizinho bairro de São José.

Única da rede estadual no Coque, a escola existe há 30 anos. O prédio é alugado. Boa parte das crianças e adolescentes que participa da Orquestra Criança Cidadã estuda lá. As condições físicas são precárias. Uma das salas é dividida em duas, com tapumes, para abrigar duas classes. As outras salas são apertadas. Há ainda cozinha, com merenda preparada no local, sala de professores e banheiros. 

“Não é uma escola de primeiro mundo. A estrutura realmente não é boa. Mas a direção é atuante, os alunos respeitam os professores. A escola é referência no Coque”, garante o aposentado Sebastião Melo. 

Uma das preocupações dos pais é a distância que os estudantes terão que percorrer até a Escola Monsenhor Barreto. Segundo eles, a comunidade é dividida em Coque 1 e Coque 2. Existe rixa entre os dois lados. O trecho que a separa, próximo à estação do metrô, é conhecido como zona vermelha. Lá, conforme os moradores, há consumo de drogas e prostituição. “Só tem marginais. Qual é o pai que vai deixar o filho se expor a isso?”, questiona Sebastião.

A dona de casa Fabiana Dias está preocupada com o futuro escolar da filha Jéssica, 12 anos, que vai cursar o 6º ano do ensino fundamental. “Se a escola fechar ela ficará este ano sem estudar. Minha filha mais velha estuda na Escola Nossa Senhora de Fátima, em Afogados. Não tem vaga lá para Jéssica. Prefiro que fique em casa a ter que estudar no Monsenhor Barreto. É perigoso ir e voltar de lá”, destaca Fabiana Dias.

FUTURO - Uma reunião, nesta quarta-feira 29, na Gerência Regional de Educação (GRE) Recife Sul, situada na Cidade Universitária, Zona Oeste da capital, definirá o futuro da escola. A Secretaria de Educação do Estado informou que a Nossa Senhora do Carmo vai funcionar, a partir deste ano, como anexo da Escola Monsenhor Barreto. O órgão disse que a decisão foi tomada “em conjunto com a comunidade, diante do interesse manifestado por algumas famílias e alunos em permanecer recebendo aulas no local”. 

“A estrutura da Monsenhor Barreto é melhor. São três laboratórios, quadra, auditório. Os indicadores de qualidade superam a do Nossa Senhora do Carmo. Ano passado transferimos 200 alunos e não houve reação da comunidade”, destacou o secretário de Educação, Ricardo Dantas. Ele disse que não está garantida a manutenção do colégio do Coque: “Vai depender da demanda”.

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