Na escola estadual com nome de músico pernambucano, Maestro Nelson Ferreira, localizada no bairro de Engenho Maranguape, em Paulista, no Grande Recife, adolescentes do ensino médio dividem livros e cadernos com saxofones, trompetes e trombones. Aproveitam os intervalos das aulas regulares para aprender a tocar instrumentos musicais. O sonho do professor Josué Mendes da Silva, maestro dessa orquestra em formação, é ampliar o espaço no colégio para que os jovens desfrutem mais dessas atividades.
As lições com partituras e sopros são realizadas em uma sala de aula comum, em uma área mais reservada do amplo colégio que integra a rede de escolas integrais do governo estadual. Três saxofones, três trompetes e quatro trombones passam de mão em mão (e de boca em boca também) entre os estudantes. Quando todos resolvem treinar ao mesmo tempo fica difícil conciliar os sons.
“Por isso nossa ideia é montar uma Praça da Música. Ao lado da sala onde há as aulas tem uma pequena área livre que pode ser melhor aproveitada e de bastante utilidade para os alunos. Se for transformado em um ambiente acolhedor, servirá para eles interagirem e estudarem os instrumentos em seus horários vagos ou nos intervalos das aulas”, destaca o professor.
O projeto de Josué é um dos que está em busca de financiamento coletivo no site somosprofessores.org. A associação sem fins lucrativos, formada por voluntários que desejam melhorar a educação pública brasileira, tem como missão ajudar professores a conseguirem recursos, por meio de doações da sociedade, para viabilizarem suas iniciativas educacionais.
Josué diz que não precisa de muita coisa. “Basta colocar grama, pintar as paredes com desenhos feitos pelos próprios alunos, disponibilizar duas mesas, algumas cadeiras e guarda-sóis e estará pronta nossa praça”, afirma o professor. Como a iniciação musical de todos os estudantes começa com a flauta, ele deseja também alguns desses instrumentos. E um violão, para completar o projeto.
“Gosto de música e canto em um grupo na igreja evangélica que frequento. Sempre achei lindo o som do saxofone. É ótimo porque na escola tenho a chance de aprender. Se tivermos essa praça que o professor Josué planeja será melhor ainda”, diz Maria Mirela Galdino, 17 anos, aluna do 2º ano.
Com um histórico de casos frequentes de violência e indisciplina dentro da escola, a realidade começou a mudar oito anos atrás, quando atividades como a de música foram implementadas. “Música é a arte dos sonhos e dos sentimentos. Os alunos ficam mais tranquilos, responsáveis e isso repercute no dia a dia da escola e no comportamento deles”, assegura Josué.