EDUCAÇÃO

Projeto no Recife estimula leitura na primeira infância

Engatinhando na Leitura é o nome do projeto que começou na Biblioteca Municipal de Afogados

Margarida Azevedo
Cadastrado por
Margarida Azevedo
Publicado em 29/04/2019 às 10:39
Foto: Leo Motta / JC Imagem
Escolas e bibliotecas municipais de Recife vão ganhar livros da Cepe - FOTO: Foto: Leo Motta / JC Imagem
Leitura:

Uma coroa transforma o menino em rei. Outra garota é a bruxa má, com chapéu e tudo. Tem ainda a menina-flor. E como num passe de mágica, os personagens criam uma história onde o rei joga um feitiço e todas as crianças viram sapos. E começam a pular, a pular e a rir. E assim se divertem num pedacinho da Biblioteca Afrânio Godoy, localizada no Centro Comunitário da Paz (Compaz) Governador Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife. Elas participam do projeto Engatinhando na leitura, voltado para despertar, na primeira infância, o gosto pelos livros.

A iniciativa começou dois anos atrás, na Biblioteca Popular de Afogados, no bairro de mesmo nome, Zona Oeste da capital. Alunos da Creche Municipal Vila São Miguel, que fica próxima do equipamento cultural, foram os primeiros a participar. Durante um mês, cada turma visitou o espaço quatro vezes, uma a cada semana.

O desafio foi conquistá-los logo na primeira ida à biblioteca. Nosso objetivo era que fosse algo encantador, mágico, para que eles sentissem vontade de voltar. Que pudessem construir com o espaço um sentimento de pertencimento e de aproximação com os livros, sem ser no ambiente escolar”, conta Rebeca Bandeira, 26 anos, idealizadora do projeto.

Ano passado, a ação se expandiu para as duas bibliotecas do Compaz – além da do Alto Santa Terezinha há a Carlos Percol, no Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro – e para a Biblioteca Popular de Casa Amarela. E também passou a atender o público em geral – crianças que não têm vínculo com as creches municipais. Cerca de 450 meninos e meninas de 2 a 5 anos foram beneficiados.

“Através da leitura a criança começa a perceber as emoções e sons, desenvolvendo o emocional, lúdico, a cognição e a interação social. A leitura é compreendida como instrumento de inclusão, de formação e de construção social”, ressalta Rebeca Bandeira.

IMAGINAÇÃO

Cada encontro dura entre uma hora e uma hora e meia. Há o momento da contação de história, intermediado por um dos contadores. Depois, os participantes criam espontaneamente outra história, como aconteceu no Compaz Governador Eduardo Campos semana passada. “Disponibilizamos elementos que estimulam a criatividade dos pequenos. Chapéus, fitas, tecidos, qualquer coisa que sirva para, com imaginação, se tornar um adereço de algum personagem da história”, explica.

Existe ainda o momento em que os livros são dispostos livremente para manuseio da garotada. “Sem que haja a preocupação, por exemplo, de que as crianças podem rasgar as páginas. Queremos que aproveitem os exemplares sem limitações”, diz Rebeca Bandeira.

“Eu gosto de ouvir. Tem que fazer silêncio e prestar atenção”, conta Tayara Andreza, 4 anos, uma das ouvintes da história do rei e da bruxa. Ela diz que em casa os pais e a irmã leem livros pra ela.

“Minha turma adora as atividades do Engatinhando na leitura. Eles ainda não sabem ler, mas fazem a leitura das imagens, o que acaba contribuindo para o processo de letramento”, diz a professora Viviane Galdino, cujos alunos têm entre 4 e 5 anos. São todos da Creche Municipal Zacarias do Rego Maciel, ao lado do Compaz.

“Queremos que eles gravem na memória que ficar na biblioteca é bom, é legal, traz alegria. Que tenham uma memória afetiva com o espaço. É um trabalho de formação de leitores”, ressalta Flavioleta, uma das contadoras de história do Compaz do Alto Santa Terezinha.

Últimas notícias