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Em entrevista, ex-reitor da UFPE diz que falta planejamento no MEC

Mozart Neves ainda lamentou o comportamento do ministro Abraham Weintraub no momento do anúncio do contingenciamento da pasta

Da editoria de Política
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Publicado em 06/06/2019 às 11:25
Foto: Leo Motta / JC Imagem
Mozart Neves ainda lamentou o comportamento do ministro Abraham Weintraub no momento do anúncio do contingenciamento da pasta - FOTO: Foto: Leo Motta / JC Imagem
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O ex-secretário de educação do Estado, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atualmente Diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, criticou, em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta quinta-feira (06), a falta de articulação e planejamento do Ministério da Educação (MEC) quando se foi anunciado o contingenciamento na pasta. Como exemplo, Neves citou a reação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao explicar o congelamento de recursos para as instituições federais. 

"Eu acho que a dificuldade que a pasta da educação tem enfrentado está na sua comunicação, na sua relação com a sociedade, principalmente o próprio ministro. Por exemplo, você não viu nem a cara de preocupação dele. Quando você anuncia corte, tem que ter noção que foi uma coisa grave", lembrou o pernambucano.

Mozart também lembrou que na sua gerência da UFPE foi preciso fazer um contingenciamento, mas que é possível equilibrar as contas da instituição. "Como reitor de universidade pública, que fui durante oito anos, já aconteceu sim, contingenciamento. Eu me lembro que teve um momento, acho que foi logo no início do governo de Fernando Henrique Cardoso e Paulo Renato (então ministro da Educação), que precisamos fazer um contingenciamento de recursos. Dá para você equilibrar essas coisas", disse o pernambucano.  Para Mozart, atitudes como essa quando são feitas de uma maneira "articulada, responsável e planejada, os danos são os menores possíveis".

Juventude

Ao longo da conversa, Mozart Neves lamentou diversas vezes a situação dos jovens nesse cenário anunciado pelo Ministério da Educação. Segundo ele, a juventude será a fatia da população estudantil que mais sofre com o contingenciamento. 

"O que me entristece muito no que foi dito é como realmente afetou e está afetando a juventude. Quando eu disse cortar bolsas, cortar a pesquisa, a inovação no Brasil, na minha opinião é cortar o futuro do País", disse o ex-reitor em um momento da entrevista ao programa Passando a Limpo.

Quando se entrou no tema, Neves foi questionado sobre a violência dentro das universidades federais. Como resposta, disse que o aumento da violência das ruas no País está afetando nas salas de aula. "Isso significa que a violência que estamos enfrentando no lado de fora das escolas está chegando também no lado de dentro. O nosso Estado (Pernambuco) foi um dos que mais cresceram na história da violência", lembrou.

O ex-reitor conclui dizendo a solução precisa ser pensada além dos professores e diretores de uma escola. Seria necessário desenvolver estratégicas operacionais. "No caso das escolas, acho fundamental desenvolver estratégicas, para desenvolver habilidade mentais, operacionais, indo além do professor, do diretor. É muito importante a presença de um psicólogo nas salas de aula, índices mundiais mostram isso", acrescentou Neves.

Sisu

O contingenciamento de recursos do Ministério da Educação não prejudicou a oferta de vagas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), de acordo com o secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima. Na última segunda-feira (03), o MEC, divulgou que o programa ofertará, na segunda edição deste ano, 59.028 vagas em 76 instituições públicas de ensino em todo o país. Os números são recorde para o segundo semestre.

Cerca de 69% das vagas – o que equivale a 40.658 vagas – para o segundo semestre são ofertadas por universidades federais. “A gente não tem nenhuma notícia de que [o Sisu] foi prejudicado. Pelo contrário, a gente está aqui com um pico histórico, com a maior quantidade de vagas ofertadas”, diz Lima.  

Neste ano, as instituições públicas federais, ligadas ao MEC, tiveram um contingenciamento de 3,4%, o equivalente a cerca de R$ 1,7 bilhão de um total de R$ 49,6 bilhões previstos para 2019. Atualmente, o MEC tem R$ 5,8 bilhões contingenciados, valor estabelecido pelo Decreto nº 9.741, de 29 de março. O valor representa 3,9% do orçamento do MEC de R$ 149,7 bilhões para 2019.

Confira a entrevista de Mozart 

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